São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
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Fiesp muda estratégia e pede reformas para competir

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Convencida de que o modelo econômico do futuro governo FHC privilegiará a abertura econômica, a Fiesp decidiu ``jogar o novo jogo de acordo com as novas regras".
Para tanto, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo resolveu deixar para trás as reivindicações contra a redução das alíquotas de importação.
A nova estratégia da Fiesp é negociar com o governo uma ``agenda positiva" em busca das mesmas armas e condições de competição com os produtos importados.
O plano de ação da indústria paulista foi traçado pelo diretor titular de Economia da Fiesp, Mario Bernardini, na última reunião da diretoria executiva da entidade.
``Tudo indica que, com a vitória de FHC e a continuidade da equipe econômica, o projeto de inserção do país na economia mundial, esboçado no Plano Real, deve agora tomar contornos definitivos."
Bernardini diz que, neste novo jogo, as empresas brasileiras têm de verificar quais os produtos que, apesar das ineficiências sistêmicas internas, ainda são competitivos.
Para ele, a empresa brasileira vai ter que começar a oferecer não mais uma gama de produtos inteiramente sua mas uma gama mista com algumas importações.
``A empresa industrial brasileira vai ter que importar e eventualmente fazer parcerias e fusões, fora ou dentro do país, para ganhar escala", afirma.
Bernardini diz que a Fiesp continuará lutando contra as ineficiências do sistema. A ``agenda positiva" está baseada em três pontos: reforma tributária, juro igual ao do mercado internacional e financiamentos a médio e longo prazos.
``Não somos contra nada e sim a favor de que sejam aceleradas, com urgência, as reformas tributária e fiscal", diz.
Na reforma tributária, a Fiesp defende uma mudança no perfil de impostos para que a carga tributária não incida mais sobre a produção e sim sobre a renda e o consumo. ``A eliminação dos impostos indiretos poderia dar ganhos de competitividade de 4% a 8%."
A nova linha de atuação da Fiesp enfatiza sua crença na competência da indústria brasileira. O que a Fiesp pede são as mesmas armas.``Estamos num ringue armados com um pedaço de pau para enfrentar um adversário armado com uma metralhadora", diz.
A Fiesp acredita que a vitória de FHC no 1º turno das eleições permite o encaminhamento desde já pelo governo de emendas constitucionais para as reformas tributária e da Previdência.
``Pela primeira vez, em mais de 30 anos, há continuidade de governo e equipe econômica", diz Bernardini. `É o caso de arregaçar as mangas e trabalhar".
Bernardini diz que, como ponto de partida, a equipe econômica deveria deixar claro que o ``enterro" do IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentações Financeiras) terá lugar mesmo no dia de sua extinção, em 31 de dezembro".

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