São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994
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Estádios podem virar arena com cartão azul

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Continuando nossa campanha adivinhação no intuito de descobrir o gênio que inventou as regras e o formato do Brasileiro de 94, aproveitamos a oportunidade para falar um pouco mais de invencionices.
A mais nova criação do momento poderá ser utilizada já no próximo Campeonato Paulista. Trata-se do cartão azul!
Vale dizer que o nosso futebol em particular está se ressentindo mesmo é de problemas de natureza administrativa e de organização e não são estas alterações estapafúrdias nas regras que vão salvar o futebol.
Tá certo que algumas alterações propostas pela Fifa já foram muito bem assimiladas e só vieram contribuir para que prevalecesse o futebol-espetáculo.
Agora, esta do cartão azul não faz o menor sentido.
Quem usa da violência descabida em campo não deve ter qualquer tipo de meia pena. O cartão azul, que apenas substitui o agressor por outro jogador, só pode ter sido idéia de alguém que pretende transformar campos em arenas, jogadores em gladiadores.
E, além do mais, um jogador tem que responder a um time e a uma torcida também, e não apenas sair substituído.
Temos que caminhar no sentido de estirpar a violência e não estimulá-la. Mas gostaríamos de reforçar a idéia de que na realidade temos problemas bem mais sérios para serem solucionados do que propriamente adulterar algumas regras que vingam atualmente.
Isto tudo é muito pouco significativo perto do que estamos assistindo fora dos campos no país do melhor futebol do mundo. E não podemos desviar a atenção como parecem desejar aqueles que comandam o futebol neste país.
Há certas instituições no Brasil que estão com seus alicerces podres. É preciso derrubar tudo e começar de novo. E a CBF faz parte deste complexo inútil e pouco confiável.
Aqui se monta uma seleção de craques a cada seis meses com novos valores e não é possível que as coisas precisem caminhar de forma desastrada.
O futebol espanhol por exemplo, que na Copa nem disse ao que foi, atravessa uma excelente fase não só porque reúne grandes craques do mundo inteiro em seu campeonato, mas porque os campos estão em ordem, o calendário é relativamente equilibrado, e os dirigentes conseguem transformar dinheiro em mais dinheiro.
Por aqui o amadorismo já tomou conta até de nomes que nem o ex-respeitado Pimenta. Da próxima vez seu Pimenta, use um pouco de sua parca inteligência e marque com o Todé numa sauna, onde não vai haver o constrangimento de ter que revistá-lo para ver se ele por acaso não está com um gravador enfiado no paletó. Tenha dó, Todé. Tenha dó.

Quem foi o gênio que inventou o formato e as regras do Campeonato Brasileiro de 94?
Resposta: ``Foi o `espião' Jairo dos Santos, aproveitando sobras do rascunho do relatório de 80 páginas, que contava como jogava o `poderoso' Equador nas eliminatórias. Com a aprovação do trio `Lazaroni, Parreira e Teixeira".
(Paulo Sérgio Buffara Farah, de Curitiba)

Marcelo Fromer e Nando Reis são integrantes da banda Titã

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