São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994
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Contra a fome no Senado ; Procuradoria da Câmara ; Ciência sem dinheiro ; Conservadores enjoados ; Esperneando

Contra a fome no Senado
``Ao ler a matéria referente ao aumento proposto pelo sr. Júlio Campos (PFL-MT), fiquei com grande dor no coração de saber que os senadores vão passar fome. Tentarei propor ao nosso futuro presidente que faça uma campanha contra a fome para os senadores, pois quem ganha salário mínimo e é aposentado está vivendo uma situação bem favorável de Primeiro Mundo."
David Antonio Thebaldi (Jaú, SP)

``Totalmente sem escrúpulos a afirmação do secretário do Senado, Júlio Campos (PFL-MT), de que os senadores vão passar fome recebendo hoje 57 salários mínimos."
Clodoaldo Araujo (Limeira, SP)

``Acho um descaso com milhões de brasileiros. Ele não faz a mínima idéia ou pouco se importa em saber que um professor da rede pública ganha um salário de R$ 222,00, que muitos trabalhadores recebem um salário mínimo de R$ 70,00."
Ronaldo Antonio da Silva (São Paulo, SP)

``A sociedade deveria se unir e cassar o mandato de Júlio Campos, pois mais da metade do povo brasileiro não chega a ganhar um salário mínimo."
Alex O.R. de Lima (São Paulo, SP)

``É impressionante e descabido que o primeiro secretário do Senado, Júlio Campos, proponha a triplicação do salário dos senadores."
Silvio da Silva (Curitiba, PR)

``Poderíamos ter criado um slogan para a campanha eleitoral: `Salve um senador da fome, não o reeleja'."
Neusa M. Bloemer (Florianópolis, SC)

``Faço uma só pergunta ao senador: vossa excelência sabe mesmo o que é passar fome?"
Valério Koppe (Curitiba, PR)

Procuradoria da Câmara
``Publica em 13/10 o Painel uma nota a meu respeito e da Procuradoria Parlamentar da Câmara dos Deputados que, além de desinformar, traz nítida intenção ofensiva, à superfície gratuita. Primeiro que a Procuradoria Parlamentar não é um órgão informal. Tem ela assento na competência constitucional da Câmara de organizar-se ao dispor em seu Regimento Interno sobre sua estrutura e atribuições. Quem o lê verifica, logo, que não há cargo vitalício, expressão que se opõe à natureza periódica do mandato legislativo, e a nota, ao pretender dar sentido depreciativo ao exercício transitório do cargo, não sai dessa intenção, pois não se pode aceitar ignorância sobre o valor popular ou jurídico da palavra. Mas, como digo, tal comentário não ultrapassa o desvão da ofensa ao revelar idiossincrasia cuja etiologia agora me foge. Ao mais atento não escapa a contradição, intenção depreciativa e ainda desinformação contida na malsinada notícia: `as lideranças do Congresso que sempre quiseram dar fim ao cargo informal de procurador da Câmara...'. Ora, de logo, que não cabe às `lideranças do Congresso' dispor sobre assunto ou Regimento Interno da Câmara (seria mera ignorância regimental do informante?); depois, a única liderança de bancada que se manifestou contra minha ação como coordenador da Procuradoria –não `procurador da Câmara'– foi a do PDT, por inconformar-se com meu parecer pela punição dos chamados deputados `baderneiros', a ela pertencentes, na sessão de instalação do Congresso Revisor, de triste e desonrosa memória. Não será a esta `liderança', ainda esgueirando-se pelas sombras do ódio e rancor, que serve a nota? Independentemente do resultado eleitoral, para mim adverso por razões materiais que um dia serão extirpadas do processo político brasileiro –e a Folha, acredito e confio, tem irrecusável compromisso com esse objetivo–, tenho por cumprido com decência, honestidade, competência e desassombro meu mandato parlamentar, o que se revelou para mim numa votação de expressiva significação e invejável espontaneidade, mas insuficiente para reconduzir-me à Câmara como a tantos outros nobres e estimados colegas, de mãos igualmente limpas, postos à margem do processo político, nesta quadra da vida do país."
Vital do Rêgo, deputado federal (PDT-PB) (Brasília, DF)
Nota da Redação - Não existe, formalmente, o cargo de coordenador da Procuradoria da Câmara. O deputado Vital do Rêgo foi escolhido informalmente para o papel pelo presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira. Desde o ano passado, sua função vem sendo contestada pelos demais membros do órgão. O que as lideranças da maioria dos partidos pretendem, na próxima legislatura, é acabar com prerrogativas do suposto cargo, como sala especial e carro oficial.

Ciência sem dinheiro
``Na Opinião Econômica de 14/10, o professor Roberto Lobo analisa com muita propriedade a necessidade do estabelecimento de uma política que possa despertar em nossos jovens o interesse, gosto e vocação pela ciência. Alerta para o fato de que sem ambiente científico estimulante mesmo os talentos que surgem espontaneamente não conseguem desenvolver suas potencialidades, se frustram, buscam outras motivações ou emigram. Na mesma edição deste jornal, sua opinião é corroborada pelo comunicado do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, onde lamenta informar que 42 mil de seus bolsistas não receberam o pagamento de setembro por falta de aprovação do Orçamento da União pelo Congresso Nacional. Se por um lado se tem consciência das necessidades do conhecimento científico e tecnológico como força alavancadora do desenvolvimento socioeconômico do país, por outro parece faltar vontade política para a viabilização de tais programas. Esperemos pois, que o próximo governo tenha a devida sensibilidade para essas questões, se é que se pretende desenvolver o país tecnológica e cientificamente."
Oscar Hipólito (São Carlos, SP)

Conservadores enjoados
``Gostaria de parabenizar o psicanalista Jurandir Freire Costa pelo belíssimo e precioso artigo `Que fim levou a política?' publicado no Mais! em 09/10. As idéias neoliberais mastigadas e bem assimiladas por muitos articulistas da Folha provocarão muito enjôo ainda. Seria ofensa perguntar o que está faltando ou sobrando à formação profissional de ilustres porta-vozes do conservadorismo à brasileira?"

Esperneando
``Que maravilha o caderno Olho no voto! Tenho dado deliciosas gargalhadas ao ver políticos `esperneando' no Painel do Leitor. Essa é a maior prova de que funcionou. Mas tenho certeza de que o meu jornal sabe que este foi só o primeiro passo; certamente está preparando outras coisas do gênero. Vou tentar adivinhar: será que vem por aí um informativo anual, nos mesmo moldes, sobre o desempenho dos nossos representantes?"
Jaime Nazario (Barueri, SP)

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