São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ocimar Versolato confirma seu talento

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Os ufanistas de plantão já podem respirar. O brasileiro Ocimar Versolato, 33, confirma seu talento perante os olhos do mundo da moda internacional com seu desfile de prêt-à-porter de verão, ontem.
Na platéia, editores de moda da imprensa brasileira, representantes dos principais veículos do gênero que participam da cobertura desta temporada (top jornalistas –como Suzy Menkes– entretanto, não apareceram) e, –fundamental– compradores. Badalação e expectativa. Mais ainda que na atual coqueluche de moda no Brasil, Paris precisa de novos nomes. Seu primeiro desfile nos lançamentos de inverno, em setembro último, bem como o sucesso do estilista Hérvé Léger (de quem era assistente), são motivos suficientes para o hype.
Tanto que o WWD, jornal em xerox que noticia o dia-a-dia dos desfiles, abre sua edição de ontem dizendo que ``todo mundo está falando de Ocimar Versolato".
Versolato conquista porque tem estilo. Trabalha linha, desenho, volume, texturas, acabamento, forma. Não cai nos dogmas das chamadas ``tendências", não quer ser modernoso. Reverencia nomes de ontem e sempre como Vionnet e Balenciaga. Faz roupa que valoriza a mulher. A roupa de Versolato é clássica e sexy. Não bastasse isso, é brasileiro (sempre é bom o lado ``exótico" por aqui) e incrivelmente comercial. Vai vender.
São 21 vestidos numa coleção batizada ``Anjos do Inferno". As peças confirmam o paradoxo do título. São claras e leves, mas feitas para uma mulher com o diabo no corpo. Numa roupa de Versolato, você vai vestida para matar. Sobretudo nos trajes de noite.
As armas são decotes, recortes, fendas, seios, ombros e pernas. A cintura é marcada e estreita –quem resiste? Mesmo nos modelos mais ousados ou mais curtos não há vulgaridade. A mulher de Versolato é sempre elegante e fina.
Mais: o estilista estende seu inverno de vestidos feitos de casimira (originalmente material para ternos masculinos) neste verão, baseado no mesmo conceito, em abusados vestidos –os curtos são daqueles que param o trânsito. O melhor: a construção das alças; o corte objetivo e a intimidade com o tecido. Versolato desconcerta com a sofisticação de sua simplicidade e mostra que pode crescer.
Chanel
Karl Lagerfeld fez para a maison Chanel o desfilão que praticamente encerra a jornada de lançamentos (hoje são os seis últimos, os menos esperados). Se não chegou a inovar muito, tem o mérito de ter criado um dos vestidos que vai marcar esta temporada de muitos vestidos: com saias em fendas que deixam à vista (na frente ou dos lados) uma pontinha do underwear, que por sua vez, também marca forte presença na coleção, como base de vestidos e na estrutura de corselets.
Destaques: as transparências em preto (clássico de Lagerfeld) e o suave retrô dos biquíni tipo Betty Page, bem pin-up, ou dos looks básicos, em preto, usados com turbante e pérolas. Mas o delírio dos fotógrafos foi mesmo no começo: o que é Naomi Campbell em biquíni fio dental?

Texto Anterior: Sérgio Reis deixa spa em Sorocaba amanhã; Detentos fogem de presídio no centro do Rio; Composto de proteínas é distribuído em Recife; Encontro discute falta de moradia e energia
Próximo Texto: Saint Laurent decepciona
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.