São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 1994
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Mireya pode jogar no BCN

FERNANDO MOLICA; SÉRGIO KRASELIS
DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DO RIO

A atacante cubana Mireya Luis, considerada a melhor do mundo na atualidade, pode jogar no Brasil.
Ela admitiu ontem que já conversou com Ênio Figueiredo, supervisor técnico do BCN/Guarujá, clube que demonstra interesse em ter a jogadora já para a Liga Nacional Feminina de Vôlei.
``Só dependo agora da permissão do Instituto Nacional de Esportes de Cuba", afirmou a jogadora, que chegou anteontem à noite a São Paulo.
Mireya garantiu ter ``60% de chances" de deixar seu país. Segundo a atacante, também receberam propostas para jogar no exterior Regla Torres e Izquierdo.
Ênio Figueiredo disse ontem que as negociações para a transferência de Mireya para o Brasil foram iniciadas em agosto último.
``Estive em Cuba e conversei muito com Mireya. Ela me disse que tinha interesse em vir jogar no Brasil. Se puder, gostaria de contar com ela já", afirmou Ênio.
Ontem pela manhã, a atacante cubana deu um susto durante o primeiro treino realizado pela equipe no ginásio da AABB, em Itapecerica da Serra.
Ao participar de uma cortada, Mireya sentiu uma forte fisgada na parte superior das costas. Imediatamente foi atendida pelo médico da equipe, Reinaldo Betancourt.
``Foi apenas uma contração muscular forte, mas basta uma bolsa de água quente no local", disse Betancourt.
O técnico cubano Eugênio Jorge ficou mais tranquilo ao ouvir o parecer médico e garantiu que a jogadora participa dos treinos de hoje, também em dois períodos.
Ao contrário de outros técnicos, que ao liberarem os treinos para o público procuram misturar titulares e reservas, Eugênio Jorge manteve o time-base cubano na quadra até Mireya sentir as dores.
Com atenção especial ao saque e recepção, treinaram juntas Mireya, Izquierdo, Carvajal, Regla Bell, Regla Torres e Marlenis Costa, que devem formar o time de estréia contra o Peru na próxima sexta-feira no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
``Nosso jogo é conhecido e não temos nada a esconder. Treinamos forte. E só", afirmou o treinador.
Ele faz questão de evitar a euforia e não admite que Cuba é a favorita à conquista do Mundial.
``O Brasil tem um time forte e o Mundial vai ser muito equilibrado. Além do Brasil e Cuba, destaco Rússia, China e Japão, candidatas potenciais a uma medalha", afirma Jorge.
Ao contrário do treinador, tanto Mireya como Regla Torres acreditam que a medalha de ouro já tem dono. ``Cuba", é a resposta imediata das duas à pergunta, que gostariam de enfrentar a seleção brasileira na final.
``Seria uma maneira de retribuirmos a derrota para as brasileiras no Grand Prix", afirma Regla.
Uma das mais jovens e altas do grupo (19 anos e 1,91 m), Regla, muito vaidosa, admite usar lentes de contato azul. ``Acho que fico mais bonita", ri a meio-de-rede, que recebeu convite para posar como modelo, mas recusou.
Sem tantos sinais de vaidade, Mireya, 27, que coleciona uma série de títulos com a seleção de Cuba, garante que conquista o título do Mundial. ``É o que falta no momento", diz a jogadora, que só reclama de não ter mais tempo para namorar com Joel Despaigne, um dos astros da seleção masculina de vôlei de Cuba.
(Fernando Molica e Sérgio Kraselis)

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