São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 1994
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Jordânia e Israel têm acordo de paz pronto

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os primeiros-ministros de Israel e da Jordânia rubricaram ontem um tratado de paz. O acordo –que acaba com 46 anos de estado de beligerância– fixa as fronteiras dos dois países e resolve o problema da divisão das águas dos rios Jordão e Yarmouk.
A rubrica –colocação das iniciais dos representantes das partes em negociação num documento– oficializa o texto de um tratado obtido. Para entrar em vigor ele ainda precisa ser assinado.
Segundo o premiê jordaniano, Abdul-Salam al-Majali, o tratado dá a seu país ``seus direitos integrais" sobre território e águas.
Majali e seu colega Yitzhak Rabin disseram ter trabalhado sobre as fronteiras entre a Jordânia e o protetorado britânico na Palestina estabelecidas em 1921.
A Jordânia receberá de volta 350 km2 ocupados por Israel no deserto de Wadi Araba. A Jordânia poderá ceder terras para compensar colonos judeus estabelecidos no território que será devolvido.
Sobre a água, Israel aumentará a parte de água do rio Jordão que a Jordânia recebe e se compromete e realizar projetos conjuntos.
``Temos que resolver o problema da água no curto, médio e longo prazos e encontramos todas as soluções para isso", disse Rabin.
Respondendo sobre quando Israel tiraria suas tropas da área ocupada, Majali respondeu ``espero que muito em breve".
Israel e Jordânia estavam em estado formal de guerra desde 1948, quando Israel foi fundado. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou a Cisjordânia –então sob controle jordaniano– e a área a ser devolvida agora.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, elogiou o acordo. Ele disse que está considerando a possibilidade de aceitar o convite para assistir a assinatura do tratado.
Hussein e Rabin devem assinar o tratado no fim da semana que vem em algum ponto da fronteira entre os dois países.
Depois disso, o tratado será enviado para os Parlamentos de Israel e Jordânia para ratificação.
O presidente de Israel, Ezer Weisman, acha que o tratado será bem recebido pelo público e pelos políticos. Disse também achar que terá influência sobre a Síria.
``Quando os sírios olharem à sua volta vão ver que em lugar de serem os primeiros da linha serão os últimos", disse Weisman.
O chancleler sírio, Farouq al-Shara, no entanto, criticou o acordo. ``Não haverá paz na região sem que se obtenha uma justa e abrangente paz. É por isso que criticamos tratados unilaterais".
Negociações entre a Síria e Israel estão entravadas por causa das colinas de Golã. A Síria quer a devolução integral do território ocupado. Rabin fala de retirada parcial e gradual.
Faisal al-Husseini, líder da OLP em Jerusalém, elogiou o acordo. Ele disse porém, que Israel e Jordânia não devem se esquecer dos interesses palestinos na região.

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