São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 1994
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Moradores incendeiam ônibus

DA SUCURSAL DO RIO

A invasão da favela Nova Brasília começou ontem às 5h, quando 120 policiais civis, divididos em seis grupos, começaram a subir o morro. Segundo a polícia, eles foram recebidos a bala por traficantes que moram no local.
Houve troca de tiros durante três horas. Onze pessoas foram mortas e um menino de 3 anos foi atingido por uma bala na cabeça.
Depois de uma trégua, os tiroteios recomeçaram às 10h50. Moradores, policiais e jornalistas que estavam em uma praça da favela foram alvo de tiros de traficantes.
Os policiais responderam aos tiros e subiram de novo o morro à procura de traficantes.
Nesse novo confronto, outros dois supostos traficantes morreram e dois policiais foram feridos nas pernas. A polícia desocupou a favela às 13h.
Um Opala da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE), deixado na rua de acesso à favela, foi incendiado.
Moradores da Nova Brasília apedrejaram e atearam fogo em um ônibus da linha Caxias-Pilares, por volta das 17h de ontem, em protesto contra a operação que resultou em 13 mortos.
Segundo o comandante Elmar, do 16º Batalhão da Polícia Militar, cerca de 200 moradores fecharam a av. Itaoca, a principal de Bonsucesso, utilizando um caminhão de uma empresa de refrigerantes.
A primeira manifestação ocorreu por volta das 14h, quando os moradores fecharam a avenida por quase uma hora. O Batalhão de Choque da PM desimpediu a avenida com a ajuda de cães.
Por volta das 16h30, com a saída da polícia do local, os manifestantes voltaram a fechar a avenida Itaoca, armados com paus e pedras, e atacaram o ônibus.
Segundo um dos funcionários de um bar que fica em frente ao local do protesto, que não quis se identificar, ``muitos passageiros, apavorados, chegaram a fugir pelas janelas do ônibus".
Segundo o comandante Eleumar, o Batalhão de Choque retornou para reprimir a manifestação.

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