São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 1994
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Coréia aceita mudar seu programa nuclear

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, disse ontem que o acordo nuclear de seu país com a Coréia do Norte a ser assinado sexta-feira é "um passo crucial para a integração da Coréia do Norte na comunidade mundial".
O vice-chanceler da Coréia do Norte, Kang Sok-ju, classificou o acordo como "a solução de uma vez por todas dos problemas nucleares na Ásia". A Coréia do Sul e o Japão saudaram os termos do documento.
Pelo tratado, a Coréia do Norte se compromete a congelar todos os seus programas de desenvolvimento de reatores nucleares e fechar o único já existente e os Estados Unidos, a lhe fornecer reatores de água leve.
Os reatores de água leve são muito mais caros que os desenvolvidos pelos norte-coreanos mas geram menos plutônio como subproduto. A Coréia do Norte era acusada de desviar plutônio para a construção de armas nucleares.
O acordo possibilitará também o estabelecimento de relações diplomáticas entre Estados Unidos e Coréia do Norte e a retomada das negociações de cúpula entre as duas Coréias.
Há consenso entre os observadores da situação coreana que ele também ajudará a solidificar o poder de Kim Jong-il, filho Kim Il-sung –fundador do país–, como líder da Coréia do Norte.
Kim Il-sung morreu em 8 de julho e Kim Jong-il, 52, é seu provável sucessor, embora ele ainda não tenha sido formalmente investido em qualquer dos cargos ocupados pelo pai.
Ontem, o diário oficial da Coréia do Norte publicou editorial para exortar o país a "permanecer leal a Kim Jong-il", classificado como "querido líder"." Kim Il-sung" era chamado de "grande líder".
A economia norte-coreana, sob estrito controle estatal, necessita de investimentos estrangeiros que poderão ocorrer quando os Estados Unidos estabelecerem relações diplomáticas com o país.
No primeiro semestre deste ano, o governo Clinton tentou aplicar sanções econômicas contra a Coréia do Norte devido à recusa dos norte-coreanos em aceitar inspeção de seus projetos nucleares.
Em junho, o ex-presidente Jimmy Carter visitou Kim Il-sung e retornou aos Estados Unidos com o compromisso dele de retomar negociações sobre a questão nuclear e de iniciar conferência de cúpula com a Coréia do Sul.
Pelo acordo acertado com os Estados Unidos, a Coréia do Norte aceita a inspeção de seu projeto nuclear por técnicos internacionais e retorna à Agência Internacional de Energia Atômica, órgão da ONU sediado em Viena (Áustria).

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