São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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Brizola decide deixar comando do PDT

DA SUCURSAL DO RIO

O candidato derrotado do PDT à Presidência da República, Leonel Brizola, afastou-se ontem da presidência do partido. O afastamento, segundo ele, será para um ``período de reflexão".
Assume o comando partidário o jornalista Neiva Moreira, que já o ocupava interinamente.
Brizola deu ontem a primeira entrevista desde 3 de outubro. Disse que não esperava ``derrota tão drástica" e que se recolheu em sua fazenda no Uruguai para ``lamber as feridas".
O ex-governador do Rio, que ficou em 5 lugar nas eleições, deixou claro que não pretende abandonar a política nem abrir mão de sua liderança no PDT.
Afirmou que o PDT vai lutar contra a venda de estatais no governo Fernando Henrique Cardoso, mas não fará uma oposição sistemática.
Segundo Brizola, a vitória de FHC foi um ``golpe branco" do poder econômico e seu governo terá ``estabilidade precária" porque está vinculado ao Plano Real e ao desempenho dos preços.
``Ele tem um caminho para se legitimar e adquirir firme estabilidade: inspirar-se no seu passado de intelectual progressista, voltado para a justiça social", declarou.
Ele comparou o sucesso eleitoral de FHC ao da Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido governista, no regime militar: ``O povo foi sábio e decidiu esperar passar o perigo".
Brizola não planeja ir a São Paulo atuar na campanha de Francisco Rossi (PDT). ``Minha ajuda lá é muito pequena", afirmou, admitindo mudar de decisão se for ``necessário".
Rossi já disse que não pedirá a ajuda de Brizola e também criticou o líder pedetista pela falta de apoio à sua candidatura.
``É um direito que ele tem", afirmou o ex-governador do Rio, para quem Rossi ``está tendo um grande desempenho, sendo considerado especialmente pela população de São Paulo".
Brizola acenou para o apoio ao candidato do PT no Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, contra Antônio Britto (PMDB). Disse que estará ao lado ``do interesse público", que não fica ``onde está o senador Pedro Simon (PMDB)".
O PDT gaúcho ainda não definiu como pretende intervir no segundo da eleição no Estado.
No Rio, a aproximação com Anthony Garotinho (PDT), se for necessário, só ocorrerá nos últimos dias. Garotinho acompanhou a entrevista de Brizola, com quem trocou abraços e elogios.
Apesar da confraternização explícita demonstrada pelos dois pedetistas, no primeiro turno da eleição fluminense, Garotinho evitou vincular sua candidatura ao governo do Rio à de Brizola.
A iniciativa de Garotinho foi motivada pelo alto índice de rejeição do ex-presidenciável no Rio.

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