São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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Ecologistas denunciam pesca predatória

ANDRÉ LOZANO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARINTINS (AM)

O Greenpeace recebeu ontem em Parintins (AM) denúncia do Grupo Ecológico Natureza Viva sobre a pesca predatória nos lagos da região.
Segundo o coordenador do Natureza Viva, Floriano Lins, barcos de Manaus (AM), Macapá (AP) e Belém (PA) pescam irregularmente cerca de 30 toneladas de peixe por dia nos lagos de Parintins.
Os mesmos barcos desperdiçam, segundo Lins, cerca de 1.500 toneladas/mês de peixes que não podem ser comercializados devido ao pequeno tamanho e são jogados nas matas próximas aos lagos.
A pesca predatória intensa na região acontece há seis anos e já ocasionou dez conflitos, alguns armados, entre pescadores e moradores das comunidades locais que dependem da pesca para a sobrevivência.
Nos períodos em que o rio está baixo e os barcos pesqueiros não conseguem atingir os lagos, os pescadores usam canoas, chamadas regionalmente de bajaras.
``Essa é a principal depredação porque os pescadores nessas canoas usam redes e apanham todas as espécies e tamanhos de peixes, infringindo as leis de pesca estabelecidas pelo Ibama", disse Lins.
Segundo ele, durante essa modalidade de pesca, os conflitos são mais acirrados e há casos de troca de tiros entre pescadores e a comunidade local.
Hoje, 13 moradores da colônia do Laguinho estão sendo processados pela Justiça de Parintins acusados de terem se envolvido em um conflito armado com pescadores de outros Estados que entraram em sua região.
Segundo o coordenador do Natureza Viva, a Lei Orgânica de Parintins estabelece que os lagos da região são áreas de reserva ambiental, onde só é permitida a pesca para subsistência.
``A região de Parintins precisa de uma `reforma aquática' para acabar com os conflitos locais", afirmou Lins.
A coordenação do Greenpeace disse que usará o documento realizado pela grupo ecológico Natureza Viva em uma possível campanha contra a pesca irregular na Amazônia.
Segundo o Greenpeace, em cada 300 toneladas de peixe produzidas na Amazônia, 60 toneladas (20%) são desperdiçadas.

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