São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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Medidas do governo derrubam as Bolsas

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O mercado financeiro reagiu com nervosismo aos boatos sobre as medidas de restrição ao consumo e amplia a taxação sobre o capital estrangeiro. As medidas foram confirmadas no início da noite.
A cotação do dólar comercial disparou. No início dos negócios, o dólar estava cotado a R$ 0,848 e subiu rapidamente para R$ 0,866.
No período da tarde, o Banco Central interveio e vendeu dólar a R$ 0,860, derrubando as cotações.
No fechamento, o mercado do dólar comercial estava com cotações entre R$ 0,855 para compra e R$ 0,857 para venda.
A intervenção do Banco Central no mercado demonstrou que a autoridade está atenta a corridas para o dólar e atua na ponta vendedora quando a moeda norte-americana chega a R$ 0,860.
As medidas governamentais também interferiram nas Bolsas de Valores, que tiveram queda livre. O índice Bovespa fechou com baixa de 3,07%. As ações que registraram maiores quedas foram: Eletrobrás PNB (-6,0%) e Eletrobrás ON (-6,0%).
A notícia de que o substitutivo do projeto do deputado Paim foi aprovado pela Comissão do Trabalho da Câmara foi recebida com pessimismo pelos investidores, por causa do impacto sobre as contas do governo e da Previdência. O substitutivo prevê a criação de gatilho salarial mensal com base no IPC-r e a elevação do salário mínimo para R$ 100 em dezembro.
O mercado trabalhou ontem com a expectativa de aumento nos juros nos próximos meses, como resultado das restrições aos prazos no crediário e desestímulo ao consumo.
No mercado futuro de juros (DI), a estimativa para as taxas acumuladas para novembro subiram de 3,98% para 4,05% no mês. As projeções para dezembro saltaram de 4,13% para 4,24% no mês.
A Bolsa de Mercadorias & Futuros anunciou que lança amanhã dois novos contratos: o de opções sobre o índice Bovespa futuro e opções sobre DI. O objetivo é criar novos instrumentos de trabalho para os administradores de fundos de investimento.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões registravam rentabilidade diária de 0,126% no último dia 17. A taxa média foi de 5,58% ao mês. No mercado de Depósito Interbancário (CDIs), a taxa média foi de 5,67% ao mês.
CDB e caderneta
As cadernetas rendem 3,0523% no dia 20. Os CDBs prefixados para 30 dias pagaram entre 33% e 59,8% ao ano. Os papéis pós-fixados de 182 dias pagaram taxas entre 17,5% e 18,0% ao ano mais a TR.

Empréstimos
Empréstimos por um dia (``hot money") contratados ontem: a taxa média foi de 5,85% ao mês. Para 30 dias (capital de giro): as taxas variaram entre 59% e 73% ao ano.

No exterior
Prime rate: 7,75%.
AÇÕES
Bolsas
São Paulo: o índice fechou a 47.587 pontos, com baixa de 3,07% e volume financeiro de R$ 285 milhões. Rio: queda de 3,3% (I-Senn), fechando com 20.431 pontos e volume financeiro de R$ 47,1 milhões.

Bolsas no exterior
O índice Dow Jones na Bolsa de Nova York fechou com 3.936,40 pontos, contra 3.917,54 pontos no pregão anterior. Em Londres, o índice Financial Times fechou a 2.357,00 pontos, contra 2.374,30 pontos no pregão anterior. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou a 19.868,87 pontos, contra 19.992,40 no dia anterior.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,855 (compra) e R$ 0,857 (venda). Segundo o Banco Central, o dólar comercial foi negociado no dia anterior a R$ 0,845 (compra) e por R$ 0,847 (venda). ``Black": R$ 0,87 (compra) e R$ 0,88 (venda). ``Black" cabo: R$ 0,865 (compra) e R$ 0,870 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,830 (compra) e R$ 0,860 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: alta de 1,70%, fechando a R$ 10,78 o grama na BM&F, movimentando 2,45 toneladas.
No exterior
Segundo a agência ``UPI", em Londres, a libra foi cotada a US$ 1,6188, contra 1,6149 no dia anterior. Em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,5030 marco alemão, contra 1,5020 no dia anterior. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 97,61 ienes, 98,05 no dia anterior.
A onça-troy (31,104 gramas) de ouro na Bolsa de Nova York fechou a US$ 390,10.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para outubro fechou a 3,69% no mês; para novembro a 4,05% no mês, para dezembro a 4,24%. No mercado futuro de dólar, a cotação foi de R$ 0,865 para outubro, a R$ 0,883 para novembro, a R$ 0,901 para dezembro.
O índice Bovespa no mercado futuro para dezembro fechou a 51.300 pontos.

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