São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Inflação encosta nos 2%, apura a Fipe
MAURO ZAFALON
Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que acompanha a evolução dos preços entre as famílias com renda de até 20 salários mínimos. Na primeira quadrissemana –últimos 30 dias até 7 de outubro– os preços haviam subido 1,36%. As pressões vieram de alimentos e habitação. Só estes dois itens foram responsáveis por 1,91% da taxa de inflação no período. Os alimentos subiram, em média, 2,83%, contra 1,05% na quadrissemana anterior. No setor de alimentação os semi-elaborados registraram as maiores altas, subindo 6,92%. Carne de primeira (+18%) e feijão (+17%) foram os destaques. A pressão da carne deve se manter com os recentes reajustes de preços dos pecuaristas. A arroba passou de R$ 30,00 na sexta-feira passada para R$ 32,00 ontem, segundo o sindicato do setor. A elevação da carne no atacado começa também a mexer com os preços da alimentação fora do domicílio. Na segunda quadrissemana deste mês os paulistanos pagaram 1,97% mais para se alimentar em restaurantes e lanchonetes, contra alta de apenas 0,22% na segunda de setembro. Heron do Carmo, assistente de coordenação do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que o único fator novo a pressionar a inflação são os alimentos semi-elaborados, devido à entressafra. O peso destes itens é grande na taxa. A Fipe considera que para cada R$ 100,00 gastos pelo paulistano, R$ 4,50 são com carne bovina. Aluguel (12,23%) e compras de linha telefônica (5,62%) e veículos (6,31%) mantiveram as pressões das semanas anteriores, afirmou. A Fipe mantém a previsão de 2,5% a 3% para a inflação de outubro. Heron diz que o momento não é para sustos porque a inflação está bem localizada. Mas o economista tem uma preocupação: o repasse da taxa de inflação para preços e salários. Já Juarez Rizzieri, coordenador do IPC da Fipe, diz que as expectativas estão menos favoráveis. O governo não consegue transmitir tranquilidade para o setor privado investir. Sem novos investimentos as indústrias vão suprir demandas futuras com aumentos dos preços dos produtos. Investimentos não diminuem a inflação a curto prazo, mas a longo prazo, afirmou. Texto Anterior: Os erros do novo IPC-r Próximo Texto: Taxa termina ano em até 4% Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |