São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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Mais ofertas, menos juros ; Operações antimendigo ; Orçamento da prefeitura ; Desafios diários ; O adesista ; Não-otários quebrados ; Razões ; A quem interessa? ; Violência no futebol

Mais oferta, menos juros
``Excelente o editorial `Mais oferta, menos juros', da edição de 19/10. A indústria está preparada para elevar a oferta, contribuindo para a estabilidade econômica. A redução das alíquotas de importação terá um efeito ainda mais benéfico se negociada nas câmaras setoriais em troca de aumentos na produção, no emprego e reduções de preços. Faltou apenas dizer que há outras iniciativas que o governo pode tomar para combater a inflação em vez de aumentar os juros, a começar por uma reforma tributária."
Emerson Kapaz, 1º coordenador-geral do PNBE –Pensamento Nacional das Bases Empresariais (São Paulo, SP)

Operações antimendigo
``Os docentes, alunos e funcionários da Faculdade de Saúde Pública da USP, abaixo assinados, vêm repudiar veementemente as medidas e a forma cruel com que, a pretexto da execução de ações de limpeza urbana, a Prefeitura de São Paulo vem retirando os parcos pertences dos `sem-teto' que se abrigam na área central da cidade. Tal procedimento não apenas se constitui em mera assepsia urbana, momentânea e superficial, como negligencia a profundidade da crise social que sistematicamente vem usurpando não apenas a moradia como, além desta, a dignidade de inúmeras famílias. Um olhar para a história nos mostra que a saúde pública tem se alimentado muito mais do respeito qu cada sociedade tem dedicado, de forma igualitária, a seus membros do que de pontuais e discriminatórias ações de saneamento urbano."
Evelin Naked de Castro, chefe do Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, seguem-se mais 239 assinaturas (São Paulo, SP)

Orçamento da prefeitura
``Reportamo-nos ao artigo `E a caravana passa', do sr. Ricardo Semler (9/10), na condição de responsáveis pela elaboração da proposta orçamentária para 1995, esclarecemos: 1) as operações de crédito (empréstimos) previstas, num total de US$ 1,5 bilhão, se baseiam na recuperação da capacidade financeira da prefeitura. Herdamos um déficit de 13,7%. Reduzimos esse déficit para 10,3% no ano passado e, neste exercício de 1994, fecharemos com um superávit de 20%. O superávit primário ou operacional elevar-se-á para cerca de 36%. Assim, ao final do segundo ano da gestão Paulo Maluf, a prefeitura passa efetivamente a ter capacidade de pagamento de novos empréstimos. 2) No item `obras', o articulista, além de confundir `órgão orçamentário ou secretaria' com o elemento de despesa `obras e instalações', se insurge com o aumento de recursos para serviços e obras, de vias públicas e de habitação e desenvolvimento urbano. Ironicamente, levanta dúvidas quanto à aplicação dos recursos adicionais nas Secretarias de Educação e Saúde. Aqui estão os dados da proposta orçamentária enviada à Câmara Municipal e que o sr. Semler quer irresponsavelmente polemizar. A proposta apresenta um crescimento de cerca de R$ 1 bilhão em relação à previsão de 1994. Desse total, R$ 260 milhões serão aplicados em obras. Portanto nada há de anormal. 3) Quanto ao IPTU, o ajuste do valor venal dos imóveis à realidade de mercado é uma atividade rotineira de uma administração responsável. A concessão de isenções, que é prerrogativa do poder público, deve perdurar enquanto o interesse dos beneficiários não prejudique a sociedade como um todo."
Celso Roberto Pitta do Nascimento, secretário municipal das Finanças (São Paulo, SP)

Desafios diários
``A leitura diária da Folha não nos deixa esquecer os desafios colocados pelo cotidiano nacional. Partos em pias. Proposta para triplicar o salário dos parlamentares. Horário de verão chegando antes da aprovação do Orçamento. Seria bom acreditar que conseguiremos, um dia, transformar o Brasil num país mais racional..."
Ohara Augusto, professora titular do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

O adesista
``Depois de ler o artigo de Francisco Weffort sobre a trajetória de Fernando Henrique (4/10), só nos resta o consolo de reler o artigo `O adesista', de Frei Betto, publicado também na Folha, em 26/08. O que mais me impressionou não foi bem o texto laudatório e sim a ocasião em que foi escrito, pois as urnas ainda não haviam sido abertas e nenhum voto havia sido oficialmente contado e Weffort já tinha pronto o elogio ao `presidente eleito FHC'."
Gilda Queiroz (Rio de Janeiro, RJ)

Não-otários quebrados
"A situação dos pequenos comerciantes no ramo de móveis e equipamento para escritório está péssima. Os nossos fornecedores alegam a falta de matéria-prima e querem por todos meios e modos cobrar o maldito ágio. E eu, como não sou otário, vou quebrar por falta de mercadoria."
Luiz Rogério Avelino Brandão (Juiz de Fora, MG)

Razões
``Sinto-me na obrigação de responder ao comentário escrito por Nelson de Sá a respeito do espetáculo `Os Dez Mandamentos do Jogo dos Sete Erros', de Antonio Rocco, onde atuo ao lado de Cláudio Chakmati e Luciene Adami, publicado na Revista da Folha de 2/10. O jornalista expressa sua dificuldade pessoal em compreender o que teria me levado a participar desse espetáculo. O que me levou a fazer esse espetáculo num teatro pequeno, em horário alternativo, sem patrocínio, mas com heróicos apoios, e não aceitar os inúmeros convites para superproduções que recebi, foi respeito ao teatro e ao meu público, foi ter cursado a Escola de Arte Dramática na UFRGS com interesse, foi ter lido Beckett, Artaud, Qorpo Santo, Nelson Rodrigues, Caio F. Abreu, Clarisse, Ane Rice etc. e foi acima de tudo ter vivido com entrega arrebatadora relações amorosas. Foram estas razões que me fizeram achar o texto de Antonio Rocco genial."
Grace Giannoukas, atriz (São Paulo, SP)

Gosto, desgosto
``O que há de melhor hoje na Folha, infelizmente somente às quartas e sextas, é a coluna de Barbara Gancia. As opiniões fortes e inteligentes dessa moça só podem ser fruto de uma sólida educação internacional. Nada a ver com a baixaria provinciana da coluna social publicada pelo mesmo jornal."
Geraldo Anhaia Mello (São Paulo, SP)

A quem interessa?
"A quem interessa o horário de verão? È icompreensível a adoção desta medida drástica em um país continental movido a hidrelétricas."
Francisco Carlos Quevedo (Jaú, SP)

Violência no futebol
``As trágicas ocorrências durante o jogo no estádio do Guarani, em Campinas, trouxeram novamente à tona os discutidos problemas de violência em estádios de futebol. Os responsáveis por tamanha bestialidade são as chamadas torcidas organizadas e os cartolas do futebol. As primeiras (com raras exceções) pela imbecilidade, ignorância e total falta de civilidade. Os segundos, pela total falta de interesse no que não signifique poder e dinheiro."
Lauro Ney Batista (São José dos Campos, SP)

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