São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 1994
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FHC deve privatizar os bancos estaduais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Pedro Malan, disse ontem que o futuro governo de Fernando Henrique Cardoso negociará com os novos governadores eleitos estratégias de saneamento financeiro e privatização dos bancos estaduais.
Malan fez a afirmação em palestra para investidores estrangeiros, organizada pela corretora inglesa Baring Securities.
Segundo o relato de participantes do encontro, que reuniu cerca de 70 investidores estrangeiros, Malan previu o início de um programa gradual de reestruturação dos bancos oficiais a partir de 95.
Tal programa deverá culminar com a privatização das instituições, pelo menos de acordo com a intenção da equipe econômica. Malan disse que estão sendo estudadas ``soluções criativas".
Entre elas, Malan citou a ``securitização" das dívidas dos Estados junto a seus bancos, transformando-as em títulos negociáveis.
Os governos estaduais poderiam vender os títulos, e assim ficar mais distantes, gradualmente, do comando dos bancos. Os títulos poderiam ser usados depois na compra de ações dos bancos.
Este sistema é semelhante ao programa de saneamento financeiro do Banespa elaborado pelo governo paulista, e encaminhado esta semana à Assembléia Legislativa.
``Sinceramente, acho que ninguém vai querer", avaliou Robert Barclay, diretor-gerente da Baring no Brasil. O desinteresse é explicado pela precária situação financeira dos bancos estaduais.
Segundo o raciocínio dos investidores, os bancos estatais são voltados, basicamente, para serviços sociais, para seus próprios funcionários e para o interesse político de governadores. ``O acionista fica em último lugar", disse Barclay.
Malan disse que os bancos estaduais estão em pior situação do que os federais. Segundo ele, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estão preparados para conviver com inflação baixa.
Já os bancos estaduais, segundo Malan, estão prejudicados pelo ``legado do passado", ou seja, as dívidas acumuladas pelos governos estaduais nos últimos anos junto a seus bancos.
Malan citou a recuperação dos bancos estaduais entre as cinco principais tarefas do futuro governo na área econômica.
As outras são a recuperação das funções sociais do Estado, incluindo a reforma previdenciária, combate à sonegação, reforma fiscal e venda de estatais.

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