São Paulo, sábado, 22 de outubro de 1994 |
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CRM investiga erro médico em laudo
ANDRÉ MUGGIATI
Dois membros do conselho, o neurologista clínico Célio Levyman e o professor de psiquiatria da Escola Paulista de Medicina Jair Mari, disseram ontem que constataram equívocos técnicos e éticos nas declarações de profissionais médicos sobre o caso. A mais grave, segundo eles, é a ligação da epilepsia com comportamento criminoso. ``É uma visão ultrapassada", disse Levyman. Outro equívoco é dizer que uma doença mental levou Pissardo a matar os pais. ``A probabilidade de um doente mental cometer este tipo de crime é a mesma de uma pessoa normal", disse Mari. O Cremesp ouvirá todos os médicos envolvidos com a elaboração de laudos sobre o caso e aqueles que deram declarações à imprensa. Segundo Levyman, se constatado o equívoco, o profissional será processado pelo Cremesp por erro médico. A pena pode ir de uma advertência à cassação do direito de exercer a medicina. O médico psiquiatra Hélio de Souza Lima, 55, responsável pela equipe do hospital Chuí, que elaborou o laudo não-oficial do caso Pissardo, disse ontem que respeita a decisão do Cremesp. O médico disse admitir que o conselho avalie o seu laudo e questione se houve ``excessos". ``Eu gostaria de salientar o quadro de uma possível epilepsia. A doença foi vista apenas como uma teoria que se encaixou no caso. Isso não significa que o rapaz a possui", afirmou Souza Lima. O laudo dos médicos do Chuí possui 32 páginas e foi assinado por uma junta de nove profissionais da área de saúde. Outro equívoco divulgado, segundo os médicos, é a informação de que uma lesão no cérebro seria responsável pelo comportamento criminoso de Pissardo. De acordo com eles, muitas pessoas têm essa lesão e não cometem crimes. Gustavo Pissardo confessou à polícia no último dia 4, ter matado cinco pessoas da família em São José dos Campos e Campinas. Ele está preso na Casa de Custódia de Taubaté. *Colaborou a Folha Sudeste Texto Anterior: PF procura filho do governador de Alagoas Próximo Texto: Sócia de clínica nega culpa em caso de morte Índice |
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