São Paulo, sábado, 22 de outubro de 1994
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O sínodo dos bispos (3)

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Continua em Roma o sínodo dos bispos sobre a vida consagrada. Iniciado a 2 de outubro, durante 11 dias o tempo foi dedicado a ouvir os representantes das conferências episcopais do mundo inteiro e convidados especiais.
Após a síntese feita pelo relator oficial, cardeal George Hume, seguiu-se o segundo momento da assembléia, com trabalhos em grupos de estudo para identificar os temas mais importantes. Os resultados, levados a plenário, permitiram perceber a convergência de posições e os pontos que precisam de aprofundamento. Essa fase terminou no dia 19, quarta-feira. Durante três dias, até sábado, é intensa a atividade nos grupos, procurando elaborar propostas claras e concisas que resumem as expectativas do sínodo. Seguem-se, durante a semana final, a discussão e eventual emenda das propostas que serão votadas no último dia e apresentadas ao papa João Paulo 2º que, em tempo oportuno, se servirá de todo esse material para a exortação pós-sinodal.
Uma comissão foi nomeada para redigir a mensagem dos participantes do sínodo às comunidades cristãs. Este texto será apresentado em plenário, votado e divulgado na próxima semana.
Já podemos, no entanto, a esta altura do sínodo, perceber algumas constantes: o que mais tem merecido a atenção dos grupos é o aprofundamento da própria vida consagrada. Todos os batizados são consagrados a Deus e devem tender à santidade. No entanto, o evangelho mostra como Jesus Cristo dirigiu a alguns discípulos um chamado especial: ``Vem e segue-me". Respondendo a este apelo peculiar, eles seguem a Cristo mais de perto, procurando ser mais de Deus e dedicando inteiramente sua vida ao serviço do próximo.
Esse estado de vida, de homens e mulheres consagrados a Jesus Cristo, é sinal luminoso da prioridade absoluta de Deus, capaz de dar sentido à vida humana e, em especial, à juventude que anseia se dedicar às grandes causas.
Entre os temas novos mais em evidência, sobressai o reconhecimento, por parte de todos, da dignidade e da missão das mulheres consagradas na vida da Igreja. Isto implica uma mudança de mentalidade, graças à qual a mulher assume a responsabilidade que lhe compete, especialmente como consagrada, atuando, também, nos organismos eclesiais de consulta e decisão, de acompanhamento espiritual, de orientação teológica e demais tarefas que não estão ligadas à ordenação sacerdotal.
Outros aspectos novos são o da inculturação, seja na formação dos consagrados, seja no exercício de sua missão, e o incentivo à melhor preparação dos religiosos para utilizarem com competência os meios de comunicação social, especialmente rádio e televisão, no anúncio dos valores evangélicos. Há, ainda, uma insistência marcante no serviço aos excluídos da sociedade: meninos de rua, enfermos de Aids, mendigos, vítimas da violência e outros que necessitam de maior doação por parte dos consagrados.
Em breve se manifestarão os frutos positivos desse sínodo. A tônica é de muita esperança.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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