São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Uma semana agitada
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS O governo finalmente resolveu agir. A elevação dos índices de preços durante as últimas semanas, pressionados entre outros fatores por uma clara elevação nos níveis de consumo, já ameaça a confiança da população do Plano Real.A proximidade do Natal e, portanto, de um período de vendas ainda maiores no comércio, reforça esse mal-estar crescente. Nesse sentido, a abrangência das medidas de restrição ao crédito tomadas pelo Conselho Monetário Nacional são plenamente justificadas. O aumento quase explosivo do consumo é um fenômeno diretamente ligado a um esforço de estabilização monetária como o Plano Plano Real. Ele já aconteceu no início do Plano Cruzado e, portanto, não deve ser uma surpresa. As duas forças mais importantes nesse processo são a eliminação do imposto inflacionário sobre os salários e a revitalização do mercado de crédito ao consumo. No caso do aumento real dos salários, a atuação do governo é limitada. Como a propensão ao consumo da classe de mais baixa renda é muito elevada, afinal estas famílias estão perto do nível de pobreza, todo o ganho no poder de compra vai para o consumo. Nos grupos de renda média, o aumento do consumo é ainda mais dramático, pelo uso da alavanca do crédito. Foi sobre esta alavanca que o Banco Central centrou suas baterias. O segundo alvo do ataque do governo foi a taxa de câmbio. Pressionado por uma avalanche de dólares, o real apresentou uma valorização de mais de 15% desde a sua implantação. Considerada a inflação residual nos últimos meses, o resultado é ainda mais dramático, ameaçando a sobrevivência de boa parte de nosso setor exportador. Esta taxa de câmbio muito valorizada acaba criando também a expectativa de uma brusca correção no futuro, com impacto sobre a inflação. Todos sabemos que a âncora cambial é a arma mais forte do plano. Mas, para que ela possa ser utilizada eficazmente durante um longo período, ela não pode ser muito baixa. As medidas tomadas pelo CMN e a atuação do BC permitem que a valorização do câmbio seja interrompida e que haja uma certa recuperação durante os próximos meses. Texto Anterior: Previsão é de 2,56% no mês Próximo Texto: Projeção vai a 3,26% brutos Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |