São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 1994
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País perde competitividade, diz Fiesp

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo não está fazendo seu papel e continua ``devendo" as reformas estruturais para criar no país um sistema econômico mais competitivo, compatível com o processo de abertura comercial.
Esta é a principal conclusão de um estudo do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) que compara os preços de produtos brasileiros com os de bens importados.
O estudo afirma que a elevada carga tributária e os altos custos financeiros vigentes no país chegam a mais do que duplicar o custo nos setores automobilístico (220,0%), farmacêutico (217,0%, no caso da aspirina) e de lavadoras de roupas (201,9%).
Posicionando-se contra o retrocesso da abertura comercial, a Fiesp defende a eliminação de distorções que afetam a capacidade de concorrência do produto nacional.
O estudo será entregue hoje pelo presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, ao ministro Ciro Gomes (Fazenda), em audiência prevista para às 16h30, em Brasília.
O trabalho da Fiesp enfatiza que uma série de distorções presentes na economia brasileira impede que o produto nacional concorra em condições de igualdade com o produto importado.
A Fiesp destaca entre essas distorções a atual estrutura tributária e o elevado diferencial de custo financeiro existente entre a economia brasileira e os demais países do mundo.
Segundo a Fiesp, isso faz com que o imposto de importação represente uma proteção ``bem mais baixa" à indústria nacional do que pressupõe sua alíquota nominal (ver quadro nesta página).
Reformas urgentes
Com base neste trabalho, a Fiesp vai pedir ao ministro Ciro Gomes iniciativas e urgentes para a aceleração do processo das reformas estruturais previstas na quarta fase do Plano Real.
Entre elas, a adoção ``imprescindível" de um novo sistema tributário que não penalize a produção, o investimento e a exportação, e a adoção de taxas reais de juros compatíveis com o mercado internacional.
A Fiesp afirma que a indústria nacional não pode mais conviver com uma estrutura tributária que penaliza a produção, o investimento e a exportação.
``A presença de impostos em cascata, tais como o PIS, Finsocial e IPMF, é incompatível com um país que quer se modernizar e se integrar internacionalmente", diz.
Para que isso seja possível, entende a Fiesp, é necessária uma solução definitiva para a questão do processo de financiamento do setor público.
Após destacar que a abertura comercial tem estimulado a indústria brasileira a buscar competitividade, a Fiesp afirma que ela é um processo que ``não se esgota com simples reduções de alíquotas de importação".
``Nesse processo, o governo precisa garantir a isonomia fiscal entre os agentes econômicos e a vigência efetiva de um regime de livre mercado", conclui.

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