São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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Israel e Jordânia encerram 46 anos de guerra

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Jordânia e Israel assinaram ontem um acordo de paz encerrando oficialmente 46 anos de guerra entre os dois países.
Sob um calor de 36 graus Celsius, os primeiros-ministros Yitzhak Rabin (Israel) e Abdul-Salam al Majali (Jordânia) firmaram o segundo tratado entre Israel e um Estado árabe –o primeiro foi em 1979, com o Egito.
A cerimônia de 90 minutos reuniu cerca de 5.000 pessoas no posto fronteiriço de Arava (2 km ao norte das cidades de Eilat e Ácaba) e foi testemunhada pelos presidentes Bill Clinton (EUA) e Ezer Weizman (Israel) e pelo rei Hussein, da Jordânia.
Além dos chefes de Estado, a assinatura foi presenciada por chanceleres de vários países, entre eles o do Brasil, Celso Amorim.
"A paz que nasceu hoje nos dá a esperança de que as crianças nascidas hoje não conhecerão a guerra entre nós", disse Rabin, que como chefe do Estado-Maior do Exército de Israel liderou a conquista da Cisjordânia em 1967.
O rei Hussein lamentou que a paz não tenha sido alcançada antes e afirmou que os dois líderes querem assegurar que não haverá mais mortes ou miséria.
"Nós quebramos as correntes do passado que por muito tempo mantiveram vocês presos nas sombras do conflito e do sofrimento", disse Clinton durante a cerimônia.
Ele encerrou seu discurso com uma citação da Bíblia: "Bem-aventurados os pacificadores, pois eles herdarão a Terra".
A assinatura do acordo foi saudada por uma salva conjunta de 21 tiros e pelo lançamento de 10 mil balões com as cores das bandeiras de Israel e da Jordânia.
Israel e Jordânia foram à guerra duas vezes, em 1948 (Guerra de Independência de Israel) e 1967 (Guerra dos Seis Dias).
Na primeira, a Jordânia, então chamada Transjordânia, conquistou a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Na segunda, Israel conquistou a Cisjordânia e a parte leste de Jerusalém.
O acordo de ontem encerra mais uma etapa das negociações entre Israel e seus vizinhos iniciadas na conferência de Madri em 1991.
Em setembro do ano passado foi assinada a Declaração de Princípios entre Israel e a OLP, que resultou na autonomia palestina em Gaza e Jericó (Cisjordânia).
O acordo mais difícil é o negociado entre Israel e Síria. Além da pacificação entre os dois países, essas negociações podem levar a um acordo entre Israel e Líbano, onde estão estacionados cerca de 40 mil soldados sírios.
Na primeira visita de um presidente norte-americano à Jordânia em 20 anos, Clinton foi recebido em Ácaba pelo rei Hussein e dali voaram para Arava.
Após a cerimônia, o rei Hussein ofereceu um almoço para Clinton, Rabin e suas mulheres em seu palácio em Ácaba.
Depois, Clinton foi para Amã, onde fez um discurso no Parlamento jordaniano. O governo jordaniano colocou em operação o maior esquema de segurança de sua história para proteger Clinton.
Ele passará a noite na capital da Jordânia antes de seguir para Damasco, onde se reúne com o presidente da Síria, Hafez al Assad.
Antes de seguir para a Jordânia, Clinton passou pelo Egito, onde se reuniu com os presidentes Hosni Mubarak (Egito) e Iasser Arafat.
Segundo Clinton, Arafat prometeu-lhe enfrentar o terrorismo, especificamente do Hamas, que ameaça o acordo de paz entre Israel e a OLP.
"Eu sou o principal alvo do terrorismo e faço tudo que está ao meu alcance", disse Arafat.

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