São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 1994
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Para entidade, `não há base legal'

LUIS HENRIQUE AMARAL
DO ENVIADO ESPECIAL

Segundo o advogado do Greenpeace, que acompanhou a ação, Renato Bastos, a entidade vai recorrer na Justiça. ``Não há base legal para esse ato, a polícia nem sabe se algum estrangeiro participou da ação. Os agentes só chegaram depois que ela terminou."
Essa foi a primeira ação do Greenpeace feita sem planejamento prévio na viagem que realiza há 16 dias no Brasil. Ontem de madrugada o navio que traz os ambientalistas chegou ao porto de Santarém e atracou em frente ao navio ucraniâno.
``Nós não poderíamos deixar de protestar vendo um navio lotado de madeira que provavelmente foi cortada de maneira ilegal", explicou Pádua.
Dois proprietários de madeireiras que estavam acompanhando o embarque na hora da ação criticaram o ato.
``Toda essa madeira é fiscalizada rigorosamente pela Receita Federal, essa manifestação é ridícula", disse Alexandre Rizzi, da empresa Maderize. Segundo Carlos Escher, proprietário da madeireira Escher, a madeira exportada vem de áreas controladas. ``Tudo que é tirado é depois replantado para que não haja devastação, conforme determina a lei."
Para Israel Waligora, ambientalista ligado ao Greenpeace, o ato foi ``ditatorial, um resquício do governo militar". ``Esse ato faz parte do discurso nacionalista dos militares."
O deputado federal ex-eleito pelo PV-RJ, Fernando Gabeira, disse que o trabalho realizado durante a Eco-92 foi prejudicado. ``O Brasil tinha mudado sua imagem de vilão da Amazônia e passado a ser um interlocutor respeitável de meio ambiente. Agora, com essa medida, regredimos ao espírito anterior à Eco-92", afirmou.

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