São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 1994
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Mais ação

A inflação de 2,68% captada pela terceira prévia do IPC da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) confirmou a previsão de alta em outubro. Mas diferentemente do que veio ocorrendo nos últimos anos, hoje isso não significa que a inflação obrigatoriamente continuará subindo mês a mês. Os técnicos da Fipe já prevêem que, mesmo chegando a algo entre 3,0% e 3,5% no fechamento deste mês, a inflação volte a cair em novembro.
Sem a indexação generalizada –que foi extinta com a adoção do real– a variação dos preços não segue necessariamente a tendência de alta. Aumentos maiores ou menores e mesmo algumas reduções em certos itens ocorrem de modo mais independente. Reduz-se o vínculo entre a inflação de um mês e a do mês seguinte.
Existe sempre o risco, entretanto, de que a indexação pouco a pouco volte a se instalar na economia. Para que tal não ocorra –e isso destruiria todo o esforço de estabilização–, o governo precisa estimular a confiança no plano econômico, precisa demonstrar determinação e energia em levar adiante as reformas do Estado. A atual morosidade está deteriorando sua credibilidade. O compulsório sobre os empréstimos, que desestimula a produção, foi também um erro.
Ainda assim, o governo dispõe de algum tempo. Mas não muito, como mostra o resultado de outubro. O crescimento da renda impulsionou a elevação do índice de inflação. A oferta de produtos não foi capaz de acompanhar o aumento do poder de compra e vários preços subiram.
Nesse sentido, as medidas de restrição ao consumo foram corretas e talvez até tardias. Os itens que mais subiram, porém, estiveram imunes às limitações impostas ao crediário: aluguéis e produtos de alimentação. Ninguém paga suas compras de supermercado em prestações.
Como se vê os desafios são muitos. É natural que as pessoas procurem satisfazer as necessidades de que foram privadas durante anos pela corrosão do dinheiro. Por isso, o aceno do governo de que pretende agilizar os processos de importação é extremamente positivo. É de se esperar que essa intenção seja concretizada o mais rapidamente possível. Os índices de outubro não são catastróficos. Mas é necessário agir.

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