São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994 |
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Unionistas correm risco de se isolar
ROGÉRIO SIMÕES
Mas o encontro entre o premiê britânico, John Major, e seu colega irlandês, Albert Reynolds, na semana passada, mostrou que Dublin terá um papel importante. "Nós nos sentimos sozinhos no mundo político hoje", diz Drew Nelson, vice-presidente do UUP. O DUP também se opõe a qualquer conversa com o Sinn Fein, já aceito como parte do processo. Para agravar a crise, os dois partidos se distanciaram. O motivo principal é o fato de o DUP acreditar que o governo britânico negociou secretamente o cessar-fogo do IRA, o que Major nega. Os republicanos esperam pelo surgimento de uma nova liderança unionista. "Eles precisam de um novo líder que possa cumprir o processo de paz", diz Tom Hartley, do Sinn Fein. As negociações começaram em 1988. O SDLP (Partido Social-Democrático e Trabalhista), aproximou-se do Sinn Fein para negociar um cessar-fogo. O acordo se tornou possível em abril de 1993, quando o líder do SDLP, John Hume, iniciou encontros com o líder do Sinn Fein, Gerry Adams. No final do ano já se falava no fim das atividades bélicas do IRA, anunciado em 31 de agosto e seguido pelo cessar-fogo dos unionistas, em 13 de outubro. A história do processo coloca nas mãos de John Hume, indicado pelo bloco socialista do Parlamento Europeu para o Nobel da Paz deste ano, um importante papel. O SDLP nunca participou de atividades paramilitares e defende a união de toda a Irlanda (sul e norte) através de uma ampla negociação. O partido é respeitado pelo Sinn Fein, pelos unionistas e pelos governos britânico e irlandês. As tréguas dos grupos paramilitares foram anunciadas quando a presença do Exército britânico na Irlanda do Norte fazia 25 anos. Em 1969, Londres decidiu enviar tropas para encerrar o conflito entre protestantes e católicos. O IRA começou sua campanha terrorista contra o Exército, respondida por grupos protestantes. Em 1981, o republicano Bob Sands morreu na prisão de Maze, em Belfast, depois de 66 dias de greve de fome. Ele queria que os prisioneiros do IRA fossem considerados prisioneiros políticos. O premiê Major reiterou recentemente que os membros do IRA são prisioneiros comuns e não negociará sua libertação. (RS) Texto Anterior: Cidade ainda está dividida Próximo Texto: Britânicos querem príncipe `Wills' no trono Índice |
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