São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994
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Câncer está em fase avançada

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O câncer na próstata que atinge François Mitterrand está em fase avançada, sua expansão não é mais contida com quimioterapia e sua evolução é "imprevisível".
É este, em resumo, o conteúdo de uma detalhada reportagem publicada no início de setembro por dois redatores médicos do jornal francês "Le Monde'.
Os problemas de Mitterrand estão associados à proliferação do tumor na próstata. A expansão do câncer resultou na segunda cirurgia a que o presidente foi submetido. Ele foi operado em julho último por via endoscópica (através da uretra).
O câncer na próstata pode ser controlado quando detectado em estágios iniciais. Nesses casos, recorrências são pouco comuns.
Mas o quadro de Mitterrand não foi contido pelo tratamento hormonal que foi aplicado.
Segundo o "Le Monde", há risco iminente de as células tumorais se alastrarem para os órgãos vizinhos à região prostática, no processo conhecido como metástese.
A partir daí há poucas chances de controlar o câncer. Ele tende a se espalhar por todo o corpo, que vai lentamente definhando.
Os dois redatores do "Le Monde" se basearam em informações de especialistas que não citam nominalmente, mas que estão provavelmente engajados no tratamento do presidente francês.
O texto, escrito numa linguagem bastante técnica, prepara os leitores para a possibilidade de Mitterrand não sobreviver nem mesmo até o fim de seu mandato, em maio do próximo ano.
Pompidou
A imprensa francesa se deixou traumatizar pelo tema desde que, em abril de 1974, o então presidente Georges Pompidou morreu de câncer sem que nenhum jornal tivesse relatado a gravidade de seu quadro clínico.
O "Le Monde" diz agora que, diante de uma escala de evolução e expansão do tumor de A a C, Mitterrand já se encontra num estágio intermediário da última etapa.
O problema, então, é o de saber se, diante de um quadro dessa gravidade, ele não estará privado de condições de continuar a exercer a Presidência da República.
Por mais que o próprio paciente tenha recomendado que sua assessoria divulgue boletins médicos, esses têm sido incompletos ou excessivamente eufêmicos para fornecerem da doença um diagnóstico completo.
(JBN)

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