São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 1994
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Os milhões de Bedrock ;Cidade arruinada

HELCIO EMERICH

Os milhões de Bedrock
Superando o sucesso do Batman e dos dinossauros do Jurassic Park, os Flintstones podem se tornar o maior fenômeno da história do merchandising mundial. Os detentores dos direitos para exploração comercial da película produzida pela Ambling Entertainment Inc. (a empresa de Steven Spielberg) são a MCA/Universal Pictures (direitos sobre o filme) e a Turner Broadcasting System (direitos sobre os personagens). Até o final do primeiro semestre deste ano ambas haviam negociado mais de 500 contratos para o licenciamento de imagens, logotipos e outros símbolos ligados à turma de Bedrock e somente nos EUA foram lançados doze produtos diferentes incorporando os nomes e as figuras de Fred, Wilma, Barney, Betty e companhia. Os laboratórios Miles, por exemplo, criaram a vitamina infantil Flintstones, a rede de hotéis Days Inn investiu US$ 14 milhões numa campanha para promover o ``Flintstones Days Travel Pack" (descontos na hospedagem e oferta de um kit para crianças com adesivos, lápis de cores e livreto para colorir), a Mattel lançou uma ação de cuponagem bonificando com US$ 1,50 a compra dos brinquedos baseados nos personagens do filme e assim por diante. Mas quem mais capitalizou promocionalmente o ruído provocado pelas estripulias da família Flintstones foram alguns anunciantes que já tinham vínculos anteriores com a história (introduzida na TV americana em 1960 com produção de Hanna-Barbera). É o caso da Kraft General Foods, que já tinha licença para sua marca de cereais Pebbles e precisou apenas criar uma oferta de posters acoplados a cinco milhões de embalagens do produto. Ou a McDonald's, que estava presente no próprio filme de Spielberg (com o ``RocDonald's", versão Idade da Pedra de suas lojas de hambúrgueres) e que associou o lançamento dos Flintstones nos cinemas de mais de 30 países a uma série de promoções (adaptadas a cada mercado), seja oferecendo produtos especialmente criados (como o ``Grand Proobah Meal"), seja com itens de terceiros (copos de vidro para colecionar, brinquedos Mattel, etc). A febre Flintstones tomou tal proporção no mercado americano que a MCA/Universal e a Turner estão pensando em resistir à tentação de novos licenciamentos para evitar o risco da overdose, a superexposição dos personagens e símbolos na mídia. Afinal, em 95 vai ser comemorado o 35º aniversário da gang de Bedrock: é preciso guardar munição para uma nova ofensiva nessa milionária guerra do merchandising.
Cidade arruinada
A Prefeitura de São Paulo deveria inspirar-se na excelente iniciativa da Revista da Folha e do Clube de Criação de São Paulo, que estão promovendo o ``Prêmio Fachada", para incentivar os comerciantes da capital a cuidarem melhor do visual externo de suas lojas. Mais do que isso, as autoridades municipais têm o dever de zelar pela aparência da cidade que, do ponto de vista da sua estética urbana, se tornou uma terra arrasada, com a proliferação indiscriminada de ``backlights", faixas de rua, cartazes e galhardetes em muros, postes e árvores, cavaletes, cardápios e outros trambolhos nas calçadas etc. Se a prefeitura quer ter pelo menos uma idéia da sanha furiosa com que a propaganda ao ar livre polui impunemente as vias públicas da capital, basta mandar um funcionário percorrer, por exemplo, a av. Jabaquara, onde as imobiliárias transformaram as calçadas centrais num verdadeiro ``camelódromo" de placas para anunciar seus lançamentos, sem contar a sujeira que provocam com a distribuição (ilegal) de volantes e folhetos. As administrações regionais têm os olhos fechados para o desrespeito da iniciativa privada ao visual da cidade.

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