São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 1994 |
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Meus camaradas não têm mais o que fazer?
MARCELO PAIVA
A maioria delas prefere o neutro calça azul e camisa branca. E, garantem os professores, dá resultado. Adolescentes perdem muito tempo escolhendo a roupa com que irão à escola. As meninas daqui acordam bem antes, preparam o cabelo, gastam horas pintando o rosto com as cores da bandeira nacional e se vestindo como a Madonna, ou a ``ídola" mais recente. A regra é chamar a atenção. E cabe à roupa desempenhar o papel que a cabeça, mais oca que um tamanco sem dono, não se habilita. Com a obrigatoriedade do uniforme, imaginam os teóricos, os alunos aproveitam o tempo disponível para ler e estudar. E procuram na cachola os meios para se destacarem e, como não deixar de falar, atraírem a atenção do sexo oposto. Não seria a salvação do mundialmente falido sistema educacional. Mas não custa tentar. A vida sexual dos patos é dez vezes mais animada que a nossa. Na verdade, a maior ``galinha" de todo o reino animal não é a vaca, mas a pata. Vá à praça mais próxima e observe: enquanto o macho vem cantando como quem não quer nada, a fêmea vem atrás, cutucando, gritando que nem uma bandida, enfiando a cabeça na água, fazendo o impossível para chamar a atenção, e não dá trégua até conseguir o que quer. Quando o pato se rende, ela afunda a cabeça na água e abre a sua... alma. Ele finalmente sobe, e é aí que o pau come; muitos patos se aproximam, e tiram uma lasquinha, numa espécie de estupro coletivo. Todos parecem se divertir muito, e a patinha nunca vai saber quem é o pai dos seus filhinhos, pois estava com a cabeça na água. Detalhe: enquanto a pata é a criatura mais infeliz, cinzenta e sem graça do parque, o pato tem o pescoço verde e azul que brilha até no escuro. Uma especialista me garantiu: entre as aves, o macho é sempre mais colorido. Se camuflarmos suas cores, as fêmeas perdem o interesse. Não é por outra razão que uma Ferrari vermelha faz muito sucesso. Céus, esqueça este meu último comentário... Texto Anterior: Outras religiões também têm crescimento Próximo Texto: Elizabeth Fosatto de Jesus, 41 Guarulhos, SP Índice |
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