São Paulo, terça-feira, 1 de novembro de 1994
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Lucena usou servidores em campanha

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois seguranças do Senado e dois policiais militares cedidos à Casa trabalharam mais de um mês na campanha à reeleição de Humberto Lucena (PMDB-PB), presidente do Senado Federal.
Um dos seguranças, Renato Janikens (matrícula 4062), trabalhou cerca de três meses em João Pessoa (PB). O grupo completo ficou hospedado no Paraíba Palace Hotel, de 21 de junho a 29 de julho.
Faziam parte do grupo o segurança Jorge Antônio Pinto Barbosa (matrícula 947) e os PMs Natal Martins Carvalho (14.972/1) e Max Alves de Assis (17.764/4).
Lucena teve a sua candidatura impugnada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por utilizar a gráfica do Senado para a confecção de calendários distribuídos na campanha eleitoral.
O senador apresentou recurso e continuou na campanha, sendo reeleito senador. O recurso será julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Reforço
Nos últimos dias de campanha, a segurança do senador foi reforçada pelo chefe da segurança do Senado, Francisco Pereira da Silva, o "Índio", e novamente pelo PM Natal Ramalho.
O grupo de seguranças se deslocou para a Paraíba em um ônibus, placa OM-4702, cedido pelo chefe da seção de Administração, Élcio Janikens. O ônibus foi utilizado no transporte de eleitores.
Os servidores do Senado não receberam pagamento extra do comitê eleitoral de Antônio Mariz (candidato ao governo pelo PMDB) ou do senador.
Outro lado
Lucena disse ontem à Folha que três dos servidores estavam de férias. "Quando soube que um deles não estava de férias, mandei embora", disse.
O presidente do Senado afirmou que poderia ter requisitado o serviço da segurança da Casa, porque não está lidenciado do cargo de presidente.
"Teria direito. Sou a terceira pessoa da República, modestia à parte. Mas não fiz", declarou.
Lucena disse que o chefe da segurança esteve na Paraíba em férias. Afirma que todos os seguranças ficaram hospedados no Paraíba Palace Hotel com despesas pagas pelo comitê de Antônio Mariz.
O chefe da segurança do Senado, Francisco Pereira da Silva, disse ontem à Folha que os dois seguranças e os dois PMs estavam de férias enquanto estiveram na Paraíba.
Segundo ele, todos os funcionários tiveram suas férias canceladas em janeiro e fevereiro, devido ao funcionamento da CPI do Orçamento. Nos meses seguintes, ele foi liberando férias para pequenos grupos a cada mês.
O chefe da segurança não tem comprovantes de que concedeu férias aos servidores no período da campanha. Ele disse que as férias são concedidas "verbalmente, de acordo com a necessidade".
"Índio" disse que o grupo de seguranças foi à Paraíba por vontade própria, sem nada receber em pagamento do comitê de Antonio Mariz ou de Lucena.

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