São Paulo, terça-feira, 1 de novembro de 1994
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'Não quero falar a toda hora'

DA REPORTAGEM LOCAL

Leia, a seguir, a íntegra do pronunciamento de FHC:
"Quero manifestar à televisão e à imprensa de meu país a alegria de ter estado hoje almoçando com os candidatos do PSDB que concorrem ao governo dos Estados no segundo turno, além da presença de outros companheiros, como o presidente do partido, Pimenta da Veiga, e o governador já eleito do Ceará, Tasso Jereissati.
E, ao exprimir essa alegria e me confraternizar com os meus correligionários, deixar também claro que as nossas propostas estão tendo um apoio crescente da população brasileira porque aumentam as nossas responsabilidades e as minhas em particular como presidente eleito da República, para que nós possamos, juntos, executar aquilo que até agora são projetos de campanha.
Eu tenho certeza de que o povo saberá escolher seus representantes no segundo turno e, numa democracia como a que nós vivemos, o presidente da República estará sempre disposto a colaborar com os governadores que vierem a ser eleitos pelos seus concidadãos.
Mas é natural, também, que, sendo o presidente do PSDB, tenha uma afinidade grande com os candidatos do PSDB e que se sinta reconfortado ao ver que os que aqui estão têm muita possibilidade de ser consagrados pelo voto popular.
Eu tenho, portanto, a esperança de que, no futuro, possamos estar juntos trabalhando para realizar as transformações de que o Brasil necessita e, muito especialmente, as reformas tão faladas e difíceis de ser executadas, mas que terão de ser enfrentadas a partir do próximo ano. Não só a nível da Constituição, mas sobretudo a nível de práticas administrativas, práticas político-administrativas. Nós estamos num momento em que a sociedade brasileira amadureceu e exige por parte daqueles que estão assumindo funções públicas uma modificação também de processos, de mantalidade.
O fato de nós todos estarmos no mesmo partido não significa que nós desconheçamos a existência de outros partidos nem as necessidades daqueles que não têm partido, que são a maioria do povo brasileiro.
Uma vez assumindo as funções de governo, eu tenho certeza de que nós todos estaremos pensando somente nisso: no interesse do país e no interesse da população. Com o espírito de quem quer construir e de quem sabe que, para construir, no momento atual, nós precisamos da cooperação dos brasileiros que tenham decência comprovada, que tenham experiência e que tenham capacidade técnico-administrativa. Eu não quero me alongar, até porque eu queria apenas manifestar através dessas palavras a minha satisfação de ter podido ter um encontro tão tranquilo, tão confiante.
Mas eu vou ser fiel ao que eu tenho dito depois de eleito, que eu não gostaria de estar dando declarações a toda hora, porque eu acho que não é apropriado para os presidentes da República. E nós vamos fazer sempre de forma organizada as nossas conversas, e o governo terá um porta-voz autorizado que informará detalhadamente tudo o que acontece e qual é o pensamento do governo, sem que seja necessário que o presidente pessoalmente esteja a responder questões a qualquer hora do dia e da noite.
Eu peço até mesmo àqueles muitos que são meus amigos de longa data e da imprensa que nos acompanha... Que têm notado que eu tenho me recusado a responder perguntas não por má-educação, mas por consciência das funções que, doravante, a partir de 1º de janeiro, terei de exercer. Agradeço a todos e desejo muita sorte a todos os candidatos do PSDB. Muito obrigado.

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