São Paulo, terça-feira, 1 de novembro de 1994
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Cesta básica tem recorde de alta

DA REDAÇÃO

O custo médio da cesta básica fechou outubro em R$ 107,68. O valor é praticamente o mesmo (a diferença é de cinco centavos) do recorde histórico registrado em 4 de julho: R$ 107,73.
Em outubro, o custo da cesta básica, pesquisado pelo Procon/Dieese em 70 supermercados da cidade de São Paulo, acumulou alta de 8,56%, a maior desde a entrada do real em 1º de julho.
Os aumentos não devem parar por aí. Segundo Maria Lumena Sampaio, técnica de defesa do consumidor do Procon, a tendência para a primeira quinzena de novembro é de alta.
O custo da cesta básica registrou quedas nos dois primeiros meses de implantação do real: -4,20% em julho e -8,18% em agosto. A tendência começou a se inverter em setembro, quando a cesta subiu 1,33%.
Em outubro, foi o grupo alimentação que mais pressionou o custo da cesta. Sua variação no mês chegou a 10,22% –2,09% no grupo limpeza e -0,35% no de higiene pessoal.
O preço da carne foi o maior responsável pelo resultado. Seu peso é de 23,45% do valor total da pesquisa. A carne de primeira variou 18,37% no mês e a de segunda, 23,63%
Outros produtos como a cebola, que subiu 70%, e o queijo mozarela (alta de 45,79%) também tiveram altas expressivas.
Maria Lumena Sampaio atribiu o resultado da cesta básica em outubro à estiagem prolongada, que prejudicou a cultura de feijão e os produtores de carne. Segundo ela, "as chuvas vieram quando o estrago já estava feito".
A ausência de chuvas teve influência até no preço do absorvente higiênico que subiu 13,04% no mês e usa como matéria-prima o algodão, produto agrícola também prejudicado pela estiagem.
Firmino Rodrigues Alves, presidente em exercício da Associação Paulista dos Supermercados, disse que "a alta é consequência da retirada de descontos da indústria na semana passada, que está chegando agora ao consumidor".
Para ele, a tendência dos preços é de estabilização."Se a carne continuar subindo, o consumidor vai fugir dela". Ele disse que o feijão não têm mais fôlego para continuar subindo.
Lumena, porém, alerta para um dado interessante: R$ 107.68 é o valor médio da cesta. Segundo ela, há supermercados que comercializam a cesta por R$ 79,27. "Algumas lojas abrem mão de um lucro maior para praticar preços mais competitivos".
Firmino diz que é difícil explicar a diferença,"pois, provavelmente, há supermercados fazendo mais promoções que outros".
O preço do boi gordo ficou estável ontem em relação a sexta-feira. A arroba foi cotada a R$ 35, segundo o Sindipec (Sindicato Nacional dos Pecuaristas de Corte).
O consultor José Vicente Ferraz, da FNP Consultoria & Comércio, disse que, o aquecimento do consumo, que deve ocorrer no final de semana, elevará o preço para até R$ 37. Esse aumento pode ser repassado para o consumidor na semana seguinte.

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