São Paulo, quinta-feira, 3 de novembro de 1994
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Volcker teme protecionismo

DA SUCURSAL DO RIO

O norte-americano Paul Volcker, ex-presidente do Fed (Federal Reserve), o Banco Central norte-americano, mostrou-se cético quanto ao sucesso de blocos comerciais como o Nafta (EUA, Canadá e México), União Européia e Mercosul (Mercado Comum do Sul).
Volcker disse temer que esses blocos, em vez de se tornarem veículos para a liberação econômica, passem a ser motivadores de protecionismo por parte dos países membros.
"Será que vamos nos esconder atrás destes blocos para sermos protecionistas?", perguntou-se Volcker. Ele disse que a experiência da União Européia parece apontar para esse caminho.
"A Europa é protecionista. Não quero ver protecionismo nos EUA", disse, referindo-se ao Nafta.
Volcker esteve no Rio anteontem participando do seminário "O Futuro do Sistema Financeiro Internacional", promovido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) no Hotel Intercontinental, em São Conrado, zona sul.
Ele disse temer que o Nafta se estenda para toda a América e se transforme em uma nova forma de protecionismo. Além disso, ele vê problemas de paridade de câmbio entre os diversos países.
"O problema é saber por quanto tempo o México pode conseguir manter uma paridade do peso com o dólar canadense, ou se o Canadá conseguirá paridade de seu dólar com o dólar norte-americano."
Temendo a extensão do Nafta pelo continente, Volcker lembra que a Argentina já conseguiu a paridade com o dólar.
E quanto ao Brasil, mesmo com os elogios que fez ao Plano Real, Volcker mostrou algum ceticismo em relação ao valor da moeda frente ao dólar.
Ele disse que ia deixar uma questão: "O que vocês vão fazer com ele?", referindo-se ao câmbio do dólar, hoje favorável à moeda brasileira.

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