São Paulo, quinta-feira, 3 de novembro de 1994 |
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Juiz autoriza invasão de fazendas no PA
ABNOR GONDIM
A operação policial deverá ser anunciada hoje em Belém pelo secretário estadual da Segurança Pública, Alfredo Santalices. Ele dará entrevista sobre as investigações realizadas em 25 dias sobre a nova onda de crimes por conflitos de terra na região. "Alguns fazendeiros estão esquecendo o Poder Judiciário para solucionar seus conflitos de terra e agindo por conta própria", disse o juiz de Xinguara João Batista Nascimento, 28, no domingo passado. Uma das fazendas que podem ser invadidas é a Nazareth, a 27 km de Xinguara, de propriedade do fazendeiro Jerônimo Alves de Amorim. Ele é acusado de ter montado um "quartel-general" de pistolagem, com 30 homens trazidos de Goiás, sua terra natal. O advogado do fazendeiro, José Barbosa, disse que ele é inocente e vítima de perseguição da CPT (Comissão Pastoral da Terra), entidade ligada à Igreja Católica. Amorim é acusado de mandar matar, em 1991, o ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria (PA) Expedito Ribeiro de Souza, que era apoiado pela CPT. As investigações policiais indicaram que o fazendeiro teria contratado pistoleiros para matar, este ano, pelo menos nove pessoas em Xinguara. Quatro escaparam dos atentados, entre eles o vaqueiro Cícero Coelho da Silva. O vaqueiro revelou à polícia detalhes da suposta organização criminosa montada na fazenda. O depoimento serviu de base para o juiz de Xinguara decretar a prisão preventiva do fazendeiro e de três homens acusados de pistolagem. Vendida A fazenda Nazareth, com 2.600 bois, teria sido vendida para um grupo baiano por causa das denúncias de pistolagem e invasão na área. A informação foi dada à Agência Folha por oito empregados da fazenda. "Quando eu cheguei aqui não tinha quase ninguém e não vi nenhum pistoleiro nem posseiro", afirma o goiano João Evangelista, 38, que diz ser o capataz-geral. Outros acusados Outros fazendeiros na mira da polícia são o presidente do Sindicato Rural de Xinguara (entidade dos fazendeiros), José Luís de Freitas, e seu amigo João Batista Barbosa. Eles estão foragidos com prisões preventivas decretadas. São acusados de contratar o pistoleiro Getúlio Batista da Silva para matar o fazendeiro Zacharias Pereira Diniz e o padre Ricardo Rezende, vigário de Rio Maria, a 25 Km de Xinguara. Nenhum dos dois crimes foi executado. Igreja O relatório da Polícia Civil acusa o frei francês Henri Des Roziers, advogado da CPT de Rio Maria, de participar de reunião de posseiros em que foi tramada a morte do fazendeiro Fábio de Abreu Vieira. O frei nega a acusação. Texto Anterior: FHC quer 'prestigiar' partidos Próximo Texto: Ministro recebe carta dos EUA Índice |
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