São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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Novo salto da cesta básica difere de junho

GABRIEL J. DE CARVALHO DA REDAÇÃO
DA REDAÇÃO

O custo médio da cesta básica em R$ 107,00 trouxe de volta o temor de que a fase da inflação baixa está com seus dias contados.
Risco de nova aceleração generalizada dos preços existe, ainda mais se obtiverem êxito as pressões por reindexação de salários. Desta vez, entretanto, o salto da cesta não foi igual ao de junho.
Entre 31 de maio e 30 de junho, o custo médio da cesta Procon/Dieese pulou de R$ 96,39 para R$ 106,40 –preços medidos, naquela época, em URV. Uma variação de 10,38%. Em outubro, o avanço foi de R$ 99,19 para R$ 107,68, com alta de 8,56%.
Vista apenas pela variação de seu custo médio em 70 supermercados de São Paulo, a cesta básica indicaria alta brutal da inflação. Mas a análise de todos os itens que a compõem mostra que as pressões agora são mais localizadas.
Em junho, a variação de 10,38% subiria para 11,17% se da cesta fosse excluída a carne bovina. Sem esta e o frango, a elevação teria sido de 10,26%.
Se o mesmo fosse feito em outubro, os 8,56% cairiam para 5,30% sem carne bovina e para 3,63% retirando-se também o frango. Sem o feijão, 2,97%.
O custo médio da cesta em 31 de outubro superou o de 30 de junho. Sem carne bovina e frango, ainda registrava queda (-7,74%).
A carne bovina pesa bastante na ponderação de qualquer índice de custo de vida e mais ainda num indicador restrito como a cesta básica. A recente alta, porém, que acabou se refletindo no frango, linguiça e salsicha, não tem relação direta com o Plano Real. A não ser pelo aumento do consumo, que abre mais espaço para o reajuste destes e de outros produtos.
Foram as geadas, seguidas pela estiagem, que agravaram a situação. A falha do governo, como diz Heron do Carmo, economista da Fipe, foi não ter adotado medidas preventivas antes desta entressafra, perfeitamente previsível.
Fora carnes, batata, mozarela e feijão, os demais itens da cesta têm apresentado certa estabilidade ou flutuação de preços, caso do sabão em barra e do absorvente.
Em junho, o preço médio do óleo de soja subiu 15,8% em URV. Em outubro caiu 2,5%.
Consumidor que antecipar compras e formar estoques, como fazia antes do real, pode estar fazendo mau negócio. Para o plano e seu próprio bolso.

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