São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994 |
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'Miausical' discute vida na cidade grande
MÔNICA RODRIGUES COSTA
Com uma coreografia ágil (Ronaldo Gutierrez e Samara Paolla Ricci), o elenco dança em ritmos variados, entrecortando as cenas sérias da história. O texto é de Acácio Montes e a direção do espetáculo, de Adriana Estitte. Na trama central, a gata-mãe tem filhotes e, assim, inicia sua vida familiar. Na medida que as "crianças" crescem, o enredo arma novas situações para os personagens. Pinguço, o gato-pai, é carinhoso com os filhos, mas vive bêbado e em conflito com a mulher. Apaixonada por ele, a gata não liga quando Pinguço "olha" para outras gatas e parte para reconquistá-lo após a separação. Na casa-mãe mora uma senhora rabugenta que gosta de pôr lenha na fogueira do casamento. Pinguço acaba por expulsá-la de casa. Os filhotes brigam, os adolescentes discutem. Há nascimento de amizades e brigas de rua. A melhor delas é a dança rap, que tem a participação especial do grupo de "street dance" JBNG. Enquanto cenas assim se sucedem –a peça usa os gatos para comentar o cotidiano familiar e urbano–, gatas-pesquisadoras engraçadas, do "GataFolha", entrevistam os passantes ou participantes das confusões. Boa, a atuação do guarda. O Cão Policial (Mário Edson Soares de Oliveira) tem jeito de bobo, mas é o único que aparta brigas. O elenco é jovem e apresenta um trabalho irregular, ainda que o espectador se divirta –a peça é dirigida à criança pré-adolescente, a partir dos dez anos. Atrapalha a interpretação um tanto exagerada dos diálogos de algumas gatas, tanto quanto o modo de falar de Pinguço, o jeito de fingir-se de bêbado, que não é muito convincente. A senhora rabugenta, por sua vez, derrama nos diálogos um sotaque castelhano dispensável ao enredo, que já é rico o suficiente em detalhes. A Felina (Paula Arruda), por exemplo, tem fala afetada, mas muito bem colocada. Ela faz uma paródia das apresentadoras de programas de auditório para crianças. Todo mundo ri. Contrasta com a gata Ritinha Hamster (Carol do McDonald's), defensora de ratos e vocalista de uma banda, que se veste de rata. Carol é uma atriz à vontade na peça. Ritinha lidera um movimento de libertação dos ratos da opressão gatal. Quanto à concepção propriamente do espetáculo, há bons recursos cênicos, como as cenas simultâneas, em que o foco de atenção do espectador é guiado pela iluminação. Aproveita o espaço extremamente pequeno do palco para o tamanho do elenco. Merece destaque a maquiagem, criada pelos atores com orientação de Fernando Zunino. Cada desenho das máscaras apresenta um perfil de gato diferente, de várias raças, estilos e cores. Peça: Miausical Direção: Adriana Estitte Direção musical: Laércio Costa Resende Coreografia: Ronaldo Gutierrez e Samara Paolla Ricci Cenografia: Paulo Franco Elenco: Paula Arruda, Cássio Kignnel, Carol do McDonald's, Tatiana Duarte Guidio, Mário Edson S. de Oliveira, Maíra Silveira, Mariana Bonnan, Marinella Nogueira, entre outros Onde: Teatro Crowne Plaza (r. Frei Caneca, 1.360, tel. 011/285-4902) Quando: sábados e domingos, às 16h Quanto: R$ 6 Índice |
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