São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
Índice

'Miausical' discute vida na cidade grande

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA "FOLHINHA"

Uma comunidade de gatos vive a comédia musical "Miausical", encenada por um grupo de 25 atores entre dez e 25 anos de idade.
Com uma coreografia ágil (Ronaldo Gutierrez e Samara Paolla Ricci), o elenco dança em ritmos variados, entrecortando as cenas sérias da história. O texto é de Acácio Montes e a direção do espetáculo, de Adriana Estitte.
Na trama central, a gata-mãe tem filhotes e, assim, inicia sua vida familiar. Na medida que as "crianças" crescem, o enredo arma novas situações para os personagens.
Pinguço, o gato-pai, é carinhoso com os filhos, mas vive bêbado e em conflito com a mulher. Apaixonada por ele, a gata não liga quando Pinguço "olha" para outras gatas e parte para reconquistá-lo após a separação.
Na casa-mãe mora uma senhora rabugenta que gosta de pôr lenha na fogueira do casamento. Pinguço acaba por expulsá-la de casa.
Os filhotes brigam, os adolescentes discutem. Há nascimento de amizades e brigas de rua. A melhor delas é a dança rap, que tem a participação especial do grupo de "street dance" JBNG.
Enquanto cenas assim se sucedem –a peça usa os gatos para comentar o cotidiano familiar e urbano–, gatas-pesquisadoras engraçadas, do "GataFolha", entrevistam os passantes ou participantes das confusões.
Boa, a atuação do guarda. O Cão Policial (Mário Edson Soares de Oliveira) tem jeito de bobo, mas é o único que aparta brigas.
O elenco é jovem e apresenta um trabalho irregular, ainda que o espectador se divirta –a peça é dirigida à criança pré-adolescente, a partir dos dez anos.
Atrapalha a interpretação um tanto exagerada dos diálogos de algumas gatas, tanto quanto o modo de falar de Pinguço, o jeito de fingir-se de bêbado, que não é muito convincente.
A senhora rabugenta, por sua vez, derrama nos diálogos um sotaque castelhano dispensável ao enredo, que já é rico o suficiente em detalhes.
A Felina (Paula Arruda), por exemplo, tem fala afetada, mas muito bem colocada. Ela faz uma paródia das apresentadoras de programas de auditório para crianças. Todo mundo ri.
Contrasta com a gata Ritinha Hamster (Carol do McDonald's), defensora de ratos e vocalista de uma banda, que se veste de rata.
Carol é uma atriz à vontade na peça. Ritinha lidera um movimento de libertação dos ratos da opressão gatal.
Quanto à concepção propriamente do espetáculo, há bons recursos cênicos, como as cenas simultâneas, em que o foco de atenção do espectador é guiado pela iluminação. Aproveita o espaço extremamente pequeno do palco para o tamanho do elenco.
Merece destaque a maquiagem, criada pelos atores com orientação de Fernando Zunino. Cada desenho das máscaras apresenta um perfil de gato diferente, de várias raças, estilos e cores.

Peça: Miausical
Direção: Adriana Estitte
Direção musical: Laércio Costa Resende
Coreografia: Ronaldo Gutierrez e Samara Paolla Ricci
Cenografia: Paulo Franco
Elenco: Paula Arruda, Cássio Kignnel, Carol do McDonald's, Tatiana Duarte Guidio, Mário Edson S. de Oliveira, Maíra Silveira, Mariana Bonnan, Marinella Nogueira, entre outros
Onde: Teatro Crowne Plaza (r. Frei Caneca, 1.360, tel. 011/285-4902)
Quando: sábados e domingos, às 16h
Quanto: R$ 6

Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.