São Paulo, segunda-feira, 7 de novembro de 1994 |
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Equipe vai avançar na dolarização
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O objetivo é chegar a uma situação em que qualquer pessoa ou empresa possa importar mercadorias ou entrar em um banco e comprar dólares, sem precisar dizer para quê, a uma taxa de câmbio conhecida e estável. Trata-se da livre conversibilidade da moeda, que tem efeito nas expectativas de estabilização. Quando as pessoas percebem que podem entrar em um banco, a qualquer momento, e trocar reais por dólares a uma taxa estável, adquirem confiança na estabilidade do real, associada à da moeda americana. Desde que, é claro, o Banco Central tenha dólares em caixa para bancar o momento inicial dessa livre conversibilidade, quando as pessoas podem querer testar a força dessa política e adquirir dólares. O BC tem dólares suficientes nas suas reservas e continua recebendo mais. Na verdade, a livre conservisilidade foi cogitada dentro da equipe no lançamento do Plano Real. E abandonada por dois motivos: a resistência do presidente Itamar Franco, nacionalista dos velhos tempos, para quem a dolarização parecia submissão ao estrangeiro; e a candidatura de Luis Inácio Lula da Silva. A candidatura pesou mais. Estava claro que, quanto maior a chance de Lula, maior a quantidade de dinheiro que deixaria o país, remetido por estrangeiros e brasileiros. Nessa circunstância, a livre conversilidade seria até um estímulo à fuga de capitais. Vencendo Fernando Henrique Cardoso, a situação tornou-se o inverso, com tendência de entrada de investimentos. E somem os obstáculos à conversibilidade. Texto Anterior: Leia os trechos da gravação Próximo Texto: Plano só tem um caminho Índice |
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