São Paulo, segunda-feira, 7 de novembro de 1994
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Soprano fica muda 24 horas antes do recital

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

O determinismo marca os três recitais de Jessye Norman no Brasil. Uma das mais perfeccionistas sopranos em atividade, ela se destaca pela voz tonitruante, o desempenho monumentalista e a exibição de vestidos luxuosos.
Sua especialidade é repertório germânico e francês. Estreou em ópera na Ópera de Berlim em 1969, como Elisabeth de "Tannhãuser", de Wagner.
Desde então, se esmerou em papéis fortes, como Jocasta ("Oedipus Rex", de Stravinski) e participações em eventos cívicos. Interpretou "A Marselhesa" nas comemorações do centenário da Revolução Francesa, em Paris, em 1989, e se exibiu nos funerais de Jackie Kennedy este ano.
O programa do recital mistura música francesa impressionista, espanhola moderna e popular norte-americana. Começa com "Cinco Melodias Populares Gregas", de Ravel, "Je te Veux", de Satie, e "Les Chemins de l'Amour", de Poulenc. Depois, "Sete Canções Populares Espanholas", de Manuel de Falla, "Quand Je Vous Aimerai" e "Habanera", da ópera "Carmen", de Bizet, e cinco "spirituals" de diversos autores.
As exigências mais enfáticas se referem à alergia da cantora ao pó e a determinados tipos de flores. Jessye quer somente flores de seda no palco e nada de flores naturais no camarim. Haverá uma sala especial para os buquês. Qualquer vestígio de poeira deve ser eliminado antes da passagem da diva.
No palco, quer um piano Steinway ou, no mínimo, um Boesendorfer. A própria cantora supervisiona a iluminação e passagem de som. Isso deve durar 45 minutos.
Para se vestir, chega ao camarim três horas antes do início do espetáculo. O camarim deve ter janela, umidificador ultrassônico e espelho "do chão ao teto". Água Evian, sucos naturais e uma cesta de frutas (com maçãs, grape fruit e bananas) não podem faltar.
Jessye deseja um piano no quarto de hotel (hospeda-se no Intercontinental no Rio e no C'a d'Oro em São Paulo), dez travesseiros (não podem ser forrados de penas) e uma cama grande reforçada para comportar seu corpanzil de mais de 1,80 metro de altura. Flores, de preferência rosas. Durante 24 horas antes de cada recital, Jessye fica muda para conservar a voz.
(LAG)

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