São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Agricultores do Centro-Sul compram insumos com cheques pré-datados

DA REPORTAGEM LOCAL E FREE-LANCE PARA A FOLHA

Passada a estiagem, os agricultores intensificaram a procura por adubos e fertilizantes.
Mas a falta de dinheiro para o custeio da safra 94/95 faz com que boa parte dos insumos seja adquirida a prazo ou através de cheques pré-datados para 30 a 45 dias.
Esse tipo de pagamento é uma forma de os produtores manterem a tendência dos últimos dois anos de maior uso de tecnologia na lavoura.
"A boa safra nos últimos três anos levou os agricultores a, não apenas renovar o maquinário, mas, também, aumentar a correção do solo e o uso de adubo", diz Leandro Bobinson da Costa, da Cotrijuí (Cooperativa Tritícola Serrana), de Ijuí (RS).1
José Fernando Bastos Sampaio, presidente do Siacesp (Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos no Estado de São Paulo), confirma esta estratégia e diz que a maioria das indústrias do setor facilita a comercialização, faturando em 30 dias o pagamento.
"O que nos preocupa a partir de agora é se os produtores conseguirão receber do governo os empréstimos de custeio prometidos. Caso isto não ocorra, será um desastre para todos", diz Sampaio.
Na semana passada, de acordo com Sampaio, o dinheiro ainda não havia chegado em várias regiões importantes de São Paulo, como Araçatuba e Jales.
A mesma situação se repete no Estado do Paraná. Segundo Nelson Costa, coordenador do departamento econômico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), até agora os agricultores paranaenses receberam cerca de R$ 330 milhões.
O valor representa quase metade dos R$ 600 milhões anunciados pelo governo em seu plano de safra para financiar a fase de plantio.
O restante dos recursos precisa chegar às agências bancárias até o final deste mês, diz Costa.
Mais outros R$ 400 milhões foram prometidos para custear as fases de tratos culturais da lavoura e de colheita.
O Paraná sofre ainda com o aumento no custo do frete devido à concentração de cargas. A falta de chuva e de dinheiro de custeio retardou as compras de insumos.
O transporte de uma tonelada custa de Paranaguá a Cascavel entre US$ 18 e US$ 20, contra US$ 10 a US$ 11 em julho e US$ 13 a US$ 14 em igual mês de 93.
Leandro Costa, da Cotrijuí, acrescenta que muitos produtores gaúchos estão receosos em recorrer aos bancos.
Eles temem que a manutenção da Taxa Referencial de Juros (TR) traga prejuízos na hora da quitação da dívida junto aos bancos.

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