São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Mercadante e Dirceu abrem disputa para 96

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os deputados federais Aloizio Mercadante e José Dirceu já estão disputando a indicação para concorrer pelo PT à Prefeitura de São Paulo em 96.
Mercadante já informou às lideranças do partido que pretende disputar o cargo. Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro a ser comunicado por seu ex-vice.
Além dos dois parlamentares, a ex-prefeita Luiza Erundina também é cogitada para a tentativa de suceder Paulo Maluf (PPR), mas a avaliação interna é que hoje Mercadante e Dirceu têm mais força no partido que Erundina.
Dirceu acha que Mercadante está utilizando uma tática equivocada para se viabilizar. "O Aloizio é o melhor nome, mas não pode se impor como candidato", disse.
Derrotado na corrida ao governo paulista, Dirceu também se insere na disputa pela candidatura a prefeito. "Não retiro meu nome enquanto o partido não discutir melhor a questão", afirmou.
Para ele, Marcadante tenta pedir a retirada dos outros eventuais postulantes para não enfrentar o perigo de uma desgastante discussão interna.
Mercadante foi procurado ontem pela Folha, mas não foi localizado. Em 92, Lula queria que ele fosse o candidato do PT à Prefeitura paulistana, mas a escolha recaiu sobre o senador Eduardo Suplicy, que foi derrotado por Maluf.
Articulação
As principais lideranças da corrente petista "Unidade na Luta" (ex-"Articulação") reuniram-se na semana passada com Lula na sede do "governo paralelo", em São Paulo.
Pertencem à tendência, entre outros, Mercadante, Dirceu, Gilberto Carvalho (secretário-geral do PT) e Marco Aurélio Garcia.
A "Unidade na Luta" abriga os mais próximos colaboradores de Lula e tem o apoio do líder petista. O objetivo do grupo é retomar o controle do aparelho partidário, perdido para o agrupamento "Opção de Esquerda" em 93.
A direção do PT vai ser disputada em meados de 95. Na reunião, Lula ouviu mais do que falou.
Insistiu na defesa de um recadastramento de todos os filiados do partido e que nas próximas convenções internas só os que confirmassem a filiação teriam direito a voto.
Foi ponderado pelos interlocutores que o trabalho de recadastramento poderia ser demorado e até inviabilizar o Encontro Nacional (convenção) que renovará ou não a cúpula petista. Não houve uma definição sobre o tema.
A "Unidade na Luta" se reestruturou internamente logo depois a derrota de Lula em 3 de outubro.
O grupo observa as divergências da ala "Articulação de Esquerda" (majoritária na "Opção de Esquerda") para tentar costurar um acordo que conduza um nome próximo de Lula à presidência do PT.
A "Articulação de Esquerda", que tem como liderança mais conhecida o deputado Rui Falcão (atual presidente do PT), votou desunida no episódio que definiu o apoio do PT a Mário Covas (PSDB) no segundo turno paulista.

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