São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Mínimo já não compra o essencial

NEIVALDO JOSÉ GERALDO
DA REDAÇÃO

O salário mínimo de R$ 70 já não é suficiente para adquirir produtos alimentícios de primeira necessidade em 13 capitais. Gêneros que, aliás, dispararam de preços em outubro, subindo até 16,12%. Em seis, os reajustes superaram 11%.
Esses dados, mais o fato de não ocorrer recuo de preços em nenhuma das cidades, são os mais importantes da pesquisa mensal de ração essencial do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos) em 14 capitais.
A pesquisa revela que em outubro quem ganhava o mínimo não podia mais comprar os gêneros alimentícios pesquisados em todas as cidades (a exceção é Fortaleza).
Em Florianópolis, por exemplo, o trabalhador precisaria de 137,62% do salário mínimo líquido para adquirir a cesta.
Em junho, antes da entrada do real, o comprometimento do salário mínimo líquido não chegava a 100% em nenhuma das cidades. Ou seja, o mínimo comprava mais antes do real do que compra hoje.
Já em julho, das 14 capitais, 10 já exigiam comprometimento de mais de 100% do salário mínimo líquido para a compra da ração essencial. Em agosto, este número caiu para nove; em setembro, voltou a 10, para agora bater nas 13.
A forte aceleração de preços derruba a tese do ministro Ciro Gomes, que na semana passada afirmou, ao comentar a taxa de inflação da Fipe, que os aumentos eram restritos a São Paulo.
Em Fortaleza, por exemplo, capital do Ceará –Estado administrado por Ciro Gomes até ele assumir a Fazenda–, o custo da ração essencial mínima subiu 11,53%.
Segundo o Dieese, feijão e carne bovina foram os responsáveis pelo aumento da cesta.
A carne, o produto de maior peso na pesquisa, subiu 35,96% em João Pessoa; 32,22%, em Fortaleza e 31,30%, em Belém.
O feijão subiu 51,40%, em Salvador; 41,46%, em Natal e 40,38%, em Brasília.
Segundo o Dieese, mínimo de outubro deveria valer R$ 740,83 para cobrir as despesas mensais de uma família com dois adultos e duas crianças.
Fazem parte da pesquisa de ração essencial (definidos pelo decreto-lei 399, de 30 de abril de 1938) carne (6 kg), leite (7,5 l), feijão (4,5 Kg), arroz (3 Kg), farinha de trigo (1,5 Kg), batata (6 kg), tomate (9 kg), pão (6 Kg), café (600g), banana (7,5 dz), açúcar (3 kg), óleo (900 ml) e manteiga (750 g).

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