São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Público desaparece dos estádios

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A violência fez o público sumir dos estádios neste Brasileiro. A média de público, que vinha subindo a cada fim-de-semana, despencou depois que as brigas entre torcedores começaram a provocar mortes.
"Não é estranho que isso tenha acontecido", opina o técnico do São Paulo, Telê Santana.
"Durante muito tempo, tive o hábito de levar minha mulher e meus filhos para ver jogos na arquibancada. Isso, hoje, está complicado", acrescenta Gilberto Coelho, 56, diretor-técnico da CBF.
Na rodada de 15 e 16 de outubro (quando houve as primeiras duas mortes), os sete jogos tiveram uma média de 25.594 pagantes.
No último fim-de-semana, a média não passou de 7.444. Uma semana antes, logo após a última morte, ela esteve pior: 6.761 pagantes.
Isso significa que em duas semanas houve uma queda de 74% no público. Em cada quatro torcedores que iam aos estádio antes das mortes, três preferiram ficar em casa.
Três times (Corinthians, Palmeiras e Flamengo) entre os cinco com maior torcida no Brasileiro tiveram um torcedor morto. O outro morto vestia a camisa do São Paulo, o quarto em média de público.
O major Marcos Alcântara, vice-comandante do 2º Batalhão da Polícia de Choque da Polícia Militar, aponta a impunidade como a grande culpada.
"A não-punição dos responsáveis pela briga no jogo entre Vasco e Santos estimulou a violência", acredita.
Gilberto Coelho discorda. "O fator mais importante é a má campanha dos clubes cariocas. O Maracanã influi muito na média e este ano as rendas têm sido ridículas." Em 93, porém, a campanha dos clubes do Rio foi ainda pior.
Coelho reconhece, entretanto, que a violência está afugentando o público.
'Esssa campanha que estamos promovendo faz, num primeiro momento, que as pessoas se afastem. Mas se não houver mais incidentes, elas voltarão", diz.
Essa tendência de paz também foi detectada pelo major Alcântara.
Segundo ele, o acordo entre as torcidas, formalizado no domingo do clássico entre São Paulo e Palmeiras, é para valer. "Já deu para sentir mudanças no ambiente."
Telê, entretanto, não se mostra tão otimista. Ele acredita que o ambiente dos estádios está sendo afetado pela violência verificada nas cidades. E que esse fenômeno é mais difícil de controlar.

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