São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

6ª Bienal reúne jovens criadores em Lisboa

JAIR RATTNER
DE LISBOA

O maior evento de Lisboa Capital Européia da Cultura começa no dia 15, marcado pela intransigência. O grupo de teatro argelino Naslyen, de Argel, foi ameaçado de morte pelos fundamentalistas da Frente Islâmica de Salvação caso seus membros saíssem do país para se apresentar na 6ª Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo, que vai reunir mais de 800 artistas durante dez dias.
Criada em 1985 como reação contra a possibilidade de a Europa se fechar aos que ficassem de fora da Comunidade Européia é a primeria vez que se realiza em Portugal, depois de ter passado pela França, Grécia, Espanha, Catalunha e Itália. Esta será a primeira vez que todos os eventos ficam apenas numa só cidade.
"O objetivo é apresentar jovens criadores, pessoas que ainda não são reconhecidas no meio artístico internacional", conta Jorge Barreto Xavier, diretor da bienal e do Clube Português de Artes e Idéias, responsável pela organização.
Segundo Jorge, os artistas são escolhidos pelas municipalidades que enviam os seus
representantes nas diversas áreas –ao todo 44 cidades de 13 países enviaram artistas. "São 40 organizações que preparam nos vários países a participação dos artistas", conta.
Além das atividades artísticas tradicionais –pintura, escultura, instalaccões– a bienal vai ter também vídeo, fotografia, cinema, teatro, música clássica, contemporânea e rock, dança, moda e gastronomia.
Os eventos serão espalhados por 14 espaços da cidade, dos quais o principal será a antiga Cordoaria Nacional –um prédio do século 17 que abriga um vão livre de 6.000 metros quadrados, o maior da Europa no período.
O espaço da cordoaria foi dividido em dois, uma parte com 20 gabinetes para instalações, com quadros nas paredes externas e outra para exposições e moda.
Os criadores de moda aceitaram a proposta de que o público vai poder experimentar as roupas que criaram, com várias costureiras especializadas fazendo os ajustes.
"Do Brasil vem o videomaker Eder Santos, que vai ter uma retrospectiva da sua obra", conta Ricardo Carisio, diretor assistente da bienal, um dos dois brasileiros que está trabalhando na organização. O outro brasileiro é Sérgio Tréfaut, que dirige a área de exposições.
Outro artista brasileiro que vai apresentar o seu trabalho é o diretor de teatro Paulo Lisboa, com sua montagem de "O Processo", de Franz Kafka. "Não é por ser brasileiro que ele está na bienal. Ele vai apresentar a peça porque está desenvolvendo o seu trabalho em Portugal e foi escolhido entre os encenadores daqui", explica Paulo Gouveia, que dirige a área de espetáculos.
Uma das áreas de destaque é o cinema. Foi feito um acordo com o Festival de Cinema Jovem de Valência (Espanha) e com o Festival de Curtas-Metragens de Vila do Conde (Portugal), para a escolha dos filmes. "O objetivo é vislumbrar o futuro do cinema", afirma Helena Tavares da Silva, responsável pela organização das mostras de cinema e vídeo.
Segundo Jorge Xavier, para organizar a bienal foi necessário reunir cerca de US$ 1 milhão.
"Metade veio da Lisboa 94 e metade da Secretaria de Estado da Juventude", conta.
"Trata-se de um orçamento muito baixo para um evento desse tamanho." Ao todo, vão ser mais de 25 mil refeições e 3.000 pernoites nos alojamentos, só para os artistas.

Texto Anterior: Modelo Elle MacPherson atua em "Jane Eyre"; Paolo e Vittorio Taviani se inspiram em Goethe; Filme "Stargate" lidera bilheteria americana; Brasiliense lança livro 'Olhares sobre a Cidade'; Sharon Stone cozinha em benefício de tibetanos
Próximo Texto: Luciana Souza canta jazz e bossa com o piano de Joey
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.