São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994 |
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Angola diz que tomou Huambo
FERNANDO ROSSETTI
Huambo está com as comunicações cortadas e não houve confirmação das informações dadas pelo Exército de que seus soldados teriam chegado ao centro da cidade. "Os comandantes da Unita fugiram de Huambo", disse à "Associated Press" o porta-voz do Exército angolano, brigadeiro José Manuel. Segundo ele, pelo menos 500 guerrilheiros foram mortos. O ataque das forças do governo contra Huambo "vai fazer a guerra civil continuar", afirmou em Londres o representante da Unita (União para a Independência Total de Angola), Anibal Kandeya. Ele negou, no entanto, que o governo tenha tomado a cidade. Membros de agências humanitárias trabalhando na região disseram à "Reuter" que os soldados oficiais chegaram até o rio Cunhonga, a 10 km de Huambo. "O governo está bombardeando a cidade com aviões e artilharia, mas nossas defesas não foram rompidas", afirmou Kandeya. O ataque provocou reação imediata da ONU e do governo de Portugal, que haviam promover um acordo de paz entre o governo angolano e a Unita. A assinatura do acordo pelo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e o líder da Unita, Jonas Savimbi, era prevista para o próximo dia 15. O ataque é mais um episódio em uma guerra que matou pelo menos 500 mil pessoas desde a independência do país em relação a Portugal, em 1975. Houve eleições em 1992, após outro acordo de paz, mas a Unita perdeu e, alegando fraudes, retomou a luta. O grupo guerrilheiro foi financiado durante a década de 80 pelos EUA e a África do Sul, então sob o regime do apartheid. Este ano, ao mesmo tempo que negociava o acordo, o governo de Angola fechou contrato de US$ 40 milhões para uma empresa dar treinamento a seu Exército. Essa empresa, Executive Outcomes, é formada por ex-soldados da Força de Defesa Nacional da África do Sul –que antes lutaram junto com a Unita contra o governo comunista de Santos. Em Zâmbia, a leste de Angola, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados disse que mais angolanos fugiram ao país esta semana do que em todo o mês passado. Angola tem uma população de 10,6 milhões de pessoas e vastos campos de diamantes e petróleo, mas está com a infra-estrutura dizimada pela guerra civil. Com agências internacionais. Próximo Texto: Rotterdam inaugura sexódromo oficial; Neonazista nega Holocausto na corte Índice |
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