São Paulo, quarta-feira, 9 de novembro de 1994
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"Operação tartaruga" faz trens do metrô ficarem 50% mais lentos hoje

DA REPORTAGEM LOCAL

Os metroviários decidiram ontem em assembléia ampliar a "operação tartaruga" durante todo o horário de funcionamento do metrô.
A velocidade dos trens será reduzida em 50% passando de 80 km/h para cerca de 40 km/h. Os funcionários também vão diminuir o ritmo de atendimento nas bilheterias.
Ontem, quando a operação tartaruga foi feita das 9h30 às 10h30 e das 15h30 às 16h30, a fila na bilheteria da estação Santana chegou a ter cem pessoas.
No período da manhã, os trens ficaram lotados. A laboratorista Telma Cristina de Souza levou uma hora para ir da estação Artur Alvim à Itaquera e da estação Itaquera à Santana.
"Normalmente faço esse percurso em 20 minutos. Também tive que pegar lotação para chegar até o metrô. Já estou duas horas atrasada", disse.
O secretário administrativo Manuel José Silva ficou 35 minutos na fila da bilheteria para comprar o passe do metrô. "Já tive que cancelar dois compromissos, estou uma hora e meia atrasado."
A assembléia foi realizada na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários de São Paulo e, segundo o presidente do sindicato, Wagner Gomes, reuniu 2.000 pessoas. A categoria tem 8.700 funcionários.
Uniformes
"É uma forma de movimento que garante o transporte para todo mundo. Assim, não precisamos chegar à greve", disse Gomes.
Ontem, segundo o Metrô, de 280 viagens programadas durante a operação, 72 foram canceladas. Os intervalos de cada trem, que costuma ser de 160 segundos, teria passado a 180 segundos.
À tarde, o movimento foi considerado apenas um pouco acima do normal. Na estação Sé, as filas nas bilheterias não ultrapassavam dez pessoas às 16h.
As plataformas estavam cheias, mas os trens chegaram vazios e conseguiram comportar todos os passageiros.
"Apenas não estamos conseguindo viajar sentados, mas esse movimento é normal neste horário", disse o marceneiro Roberto Gomes.
Os metroviários reivindicam reposição de perdas salariais acumuladas após o Plano Real.
Isso equivale a 15,67% referente ao IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em real), de julho a outubro.
O Metrô oferece 20% de abono salarial em novembro sem descontar na data-base. As negociações estão paradas.
O diretoria do Metrô afirmou ontem que mantém sua posição e já tomou a providência que deveria: pedir o julgamento da legalidade da greve ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
O pedido foi feito na sexta-feira e ainda não obteve resposta. A operação tartaruga começou nos setores administrativo e de manutenção na segunda-feira.

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