São Paulo, quarta-feira, 9 de novembro de 1994
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Jogo de São Paulo e Portuguesa vale muito

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Quem poderia supor, há uma semana, que este jogo passasse a valer tanto, de uma hora pra outra? Afinal, o São Paulo estava na bica de se classificar direto para a próxima fase, enquanto a Lusa amargava atroz insignificância no campeonato.
Em uma semana, o São Paulo foi do céu ao inferno e voltou várias vezes. A Portuguesa, numa simples troca de treinador, renasceu em flor e esplendor, dando-se agora ao luxo de desfilar como líder de seu grupo.
Candinho deu à Lusa o ânimo de time grande, enquanto os meninos do São Paulo devolveram-lhe a dignidade perdida com os titulares. Por isso, Muller foi descansar e Palhinha ganhou um solene lugar no banco, para que Catê, Caio, Toninho, a banda teen, enfim, devolvesse à galera o grito de gol. E tomem tento: se Telê insistir com Denilson, um garoto de 17 anos, canhoto, hábil e inteligente, que desliza pelo gramado com a leveza própria dos craques do passado, então o astral vai melhorar muito lá pelo Morumbi.
Já a Portuguesa, sem nenhum cacife especial, apenas a união de alguns veteranos com alguns jovens, sob o comando de Candinho, que, se não tirou o mestrado ainda, sem dúvida conhece o metiê.

Na Vila –e por que na Vila, se esse redivivo Santos prefere jogar em campo de futebol?-, o próximo freguês é o Inter, que na última rodada virou em cima do Flamengo, em pleno Maracanã. Mas isso, infelizmente, deixou de ser um feito histórico, posto que o Mengão, de enfiada, levou biaba do São Paulo e da Lusa.
Mas o fato é que o Santos de Serginho balança mas não cai. Quando se pensa que cavou seu próprio buraco, reaparece fagueiro e surpreendente.
Neto, por exemplo, era apenas uma lembrança. Já se preparavam os necrológios do canhoto irreverente, quando ele entra em campo e faz um gol de craque. Mais que isso: enquanto teve fôlego, jogou esplendidamente, segundo os relatos de quem viu o Santos diante do Vasco.
E Macedo, escorraçado do Morumbi e da Toca da Raposa ainda outro dia? Jogou muito e marcou mais um gol de placa, o terceiro só neste Brasileiro.
Só pode ser coisa daquela senhora lá da Casa Verde Alta, que jogou algumas palavras ininteligíveis sobre o berço do menino Serginho, quando ele nasceu.

Por falar em quebrantos, esta é noite de São Jorge contra todos os orixás da Bahia. Dizem que o santo é poderoso, mas com Gralak protegendo o meio da área corintiana, haja poder!
Aliás, esse é o típico zagueiro que amanhã se transfere para qualquer clube brasileiro e acaba dando certo. É alto, forte, articulado, tem um chute do cão, mas parece predestinado a ter no Corinthians o destino de um outro becão que veio lá do Sul, mais ainda, do Uruguai: Taborda, lembram-se? Que chegou ao som de sirenes, deu a volta olímpica no Pacaembu lotado antes da estréia, e saiu do Parque São Jorge a toque de caixa.

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