São Paulo, sexta-feira, 11 de novembro de 1994
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Policiais são suspeitos de ataque a DP

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Podem ser policiais os autores dos tiros que, na madrugada do dia 15, feriram dois policiais civis e um policial militar que estavam em frente à 21ª DP (Delegacia de Polícia), em Bonsucesso (zona norte).
O Exército investiga a suspeita, transmitida pelo governador Nilo Batista (PDT) ao general Roberto Câmara Senna, chefe do comando de combate à violência criado em convênio pelos governos federal e estadual.
Nilo crê que policiais civis e militares insatisfeitos com o governo sejam os responsáveis por episódios como o da 21ª DP, os tiros disparados contra o IML (Instituto Médico Legal) de Duque de Caxias e os assaltos fictícios em túneis da cidade.
O objetivo das ações seria desmoralizar o governo e as polícias, de modo a propiciar a intervenção federal e a derrota do candidato do PDT, Anthony Garotinho.
O ataque à DP foi, inicialmente, creditado pela polícia a traficantes. Um dos policiais feridos, Edson Ferreira, teve a perna direita amputada por causa do ferimento.
Em vingança, a polícia invadiu, três dias depois, a favela Nova Brasília, matando 13 supostos traficantes. Dez deles não tinham antecedentes policiais.
"Por que motivo traficantes fariam uma bravata como esta de metralhar a delegacia?", perguntou o governador ontem, ao comentar a suspeita.
Nilo disse que um detalhe chamou a atenção dos policiais que investigaram o ataque à DP: todos os tiros foram disparados para o chão.
Para o governador, a direção dos tiros indica que houve uma ordem neste sentido e um comandante. Traficantes não teriam se preocupado em atirar para baixo, concluiu Nilo. "Querem produzir calamidades para provocar fatos políticos", disse.
A suposta existência de grupos de policiais empenhados na tentativa de criar um quadro alarmista no Rio foi revelada ao governo em setembro do ano passado.
Em relatório confidencial da Polícia Militar, obtido pela Folha, o coronel Franchel Pereira Fantinatti Júnior conta ter ouvido de um oficial a ele subordinado que policiais e "altas autoridades civis e militares" se reuniam para estudar meios de desmoralizar os comandos das polícias Civil e Militar, "tendo como propósito final a derrubada do governador".

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