São Paulo, sexta-feira, 11 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Múltis avançam na compra de empresas

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O processo de estabilização e abertura da economia brasileira começa a colocar o país no centro das atenções e do interesse de investidores estrangeiros.
A participação das multinacionais como compradoras de empresas no país nas transações de aquisição e fusão cresceu de 33% para 40% nos últimos dois anos.
Esta é uma das principais conclusões do relatório "Fusões e aquisições de empresas no Brasil 1993/94", divulgado ontem pela consultoria Price Waterhouse.
O mercado de fusões e aquisições de empresas permanece aquecido com um crescimento em 11% das transações de janeiro a setembro de 1994 em relação ao mesmo período anterior.
Raul Beer, sócio da Price Waterhouse, prevê que o número de transações em 1994, que até setembro era de 199, será bem superior ao total de 259 registrado em 1993.
"Desde os primeiros sinais da vitória de Fernando Henrique Cardoso na eleição presidencial já havia muitos estudos, no país e no exterior, sobre o mercado brasileiro", disse.
Beer acredita que agora as decisões serão tomadas "rapidamente", provocando um crescimento "bastante forte" das transações até o final do ano.
Olhando o futuro, Beer diz que a manutenção do programa de privatização possibilita investimentos em infra-estrutura em setores como telecomunicações e elétrico, atraindo mais capital estrangeiro.
Segundo o estudo, cresceram as transações em que os compradores são empresas norte-americanas e sul-americanas, principalmente dos EUA e Argentina.
Para Beer, no caso dos EUA, isso reflete a nova imagem internacional do Brasil: um país que deu clara demonstração de liberalização de sua economia.
A Price diz que a competitividade é uma das principais razões que levam as empresas a tomarem decisões estratégicas de associar-se, comprar ou vender negócios.
Os setores de eletroeletrônica e autopeças, fortemente afetados pelo processo de abertura do mercado brasileiro, lideram o número de transações nos primeiros nove meses de 1994.
Nesses setores, as associações e compras de empresas visam a reduzir custos, agregar tecnologia e estreitar as relações com os fornecedores.
"Trata-se de uma briga sem fim por competitividade, onde a racionalização e redução de custos é a resposta à abertura do mercado", diz Beer.
O relatório afirma que o mercado de fusões e aquisições deverá permanecer aquecido como ocorre por três anos consecutivos.
As razões para isso são o panorama econômico brasileiro e internacional com a formação de blocos comerciais no Mercosul, Nafta e Comunidade Européia.
A Price acredita que a recuperação econômica brasileira deve catalisar o afluxo de recursos estrangeiros para os países sul-americanos.
Esses recursos deverão vir não só como capital especulativo, procurando a valorização das Bolsas de Valores, mas também como capital de risco aplicados em investimentos permanentes na atividade produtiva.
Beer diz que o interesse das multinacionais deve se concentrar nas empresas do setor de alimentos e bebidas.
"Esses setores despertam a atenção das múltis porque são os que devem se beneficiar da incorporação de uma nova massa de consumidores ao mercado", diz.

Texto Anterior: Leilão do BNDES faz as Bolsas subirem
Próximo Texto: EUA e Europa negociam mais
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.