São Paulo, sábado, 12 de novembro de 1994
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Caem 90% vendas de quotas de consórcio

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A venda de quotas de consórcios de automóveis despencou desde que o governo, no último dia 19, proibiu a formação de grupos com prazo superior a 12 meses.
"O mercado está parado", afirma Alencar Burti, presidente da Abrad (Associação Brasileira das Empresas Administradoras de Consórcio e do Fornecimento de Bens).
O volume de negócios caiu pelo menos 90%, afirma Burti. De acordo com dados da Abrad, cerca de 20 mil quotas de consórcios de veículos eram vendidas por mês, em média, antes da adoção das novas regras.
Avaliação semelhante é feita pelo Consórcio dos Concessionários Volkswagen. "Em setembro vendemos 4.000 quotas. Este mês, a previsão mais otimista é de que vamos chegar a 600", diz Stefan Ritschel, diretor da empresa.
Paulo Ferro, diretor da Consortec, administradora de consórcios de três concessionárias GM, estima a redução das vendas em 70%.
"Os negócios ficaram paralisados nas duas primeiras semanas. Nos últimos dias melhorou a procura pelos grupos de 12 meses", explica.
A empresa, que vendia uma média 300 quotas por mês, pretende fechar novembro com a formação de, no máximo, três grupos.
No caso da GM, as medidas do governo, segundo Ferro, inviabilizaram os grupos para carros mais caros, como Monza e Vectra. A procura agora fica restrita ao Corsa GL (prestação de R$ 1.148) e Kadett (R$ 1.470).
As vendas de quotas do Corsa "popular" estão suspensas há meses. A fábrica não produz o modelo em quantidade suficiente para atender à demanda.
Na Volks, a situação é diferente. O limite de 12 meses prejudicou a venda de quotas do carro "popular". Ritschel afirma que o aumento da prestação –de R$ 170 para R$ 700– afastou muitos consumidores.
Segundo ele, o consórcio dos carros médios e de luxo passou a ser opção para clientes que financiavam o carro em mais de três vezes, o que também está proibido pelo governo.
Ritschel diz que as medidas do governo foram "excessivas" e pouco eficientes. Como os grupos já formados não foram atingidos, a demanda continua aquecida. "Os efeitos das novas regras somente serão sentidos em 12 ou 18 meses", afirma.
Burti concorda que o governo precisava agir para conter o excesso de procura pelo carro "popular". Mas a decisão, segundo ele, deveria ter sido tomada em parceria com o setor.
Diz que a melhor solução seria suspender por três ou quatro meses a venda do carro "popular" pelo consórcio. "Os grupos de carros mais caros deveriam ser deixados livres", afirma Burti.

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