São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Jogadores tomam o lugar das estrelas de Hollywood

Audiência dos jogos cresce e aumenta prestígio dos atletas

DA REDAÇÃO

Phil Knight é sempre assediado. Como dono da Nike, empresa que arrecada US$ 3,7 bilhões por ano fabricando tênis e roupas esportivas, ele já está acostumado a isso.
O que se transforma em notícia, publicada na primeira página do "Los Angeles Times", é o fato de Knight ser assediado por Michael Ovitz, o dono da Creative Artists Agency.
Trata-se do principal agente das estrelas do cinema mundial, que há três anos permanece entre os cinco primeiros no ranking da revista "Premiere" com os mais poderosos de Hollywood.
Se Ovitz tem sob contrato Tom Cruise, Michelle Pfeiffer e Sylvester Stallone, Knight não fica atrás. A legião de famosos que calça os tênis que ele fabrica tem na linha de frente Michael Jordan e Charles Barkley (astros do basquete da NBA).
Em entrevista à revista "Vanity Fair", Knight se mostrou empolgado ao comentar sua associação com Hollywood. "Ele disse que o esporte já é maior do que a indústria do entretenimento. O esporte! Dá para acreditar? Ovitz disse isso!", exultou.
A idéia de que os atletas estão se tornando mais populares do que os astros de cinema se sustenta com números.
O total de espectadores das quatro grandes ligas esportivas dos EUA, ao vivo ou por TV, cresceu 57% na última década. A venda de ingressos de cinema e a locação de videocassetes cresceram apenas 19%.
Se o esporte se desenvolve, as fábricas vão atrás. Hoje, os tênis representam 40% da venda de calçados nos EUA. A previsão é que esse índice passe dos 50% antes do fim da década.
O tênis funciona como ponta-de-lança no processo de integração entre esporte e público.
Cerca de 80% dos pares de tênis vendidos no planeta não são usados para praticar esportes.
Uma luva de beisebol ou uma máscara de goleiro de hóquei só é vendida para quem vai disputar uma partida, mas até uma pessoa sedentária pode ser motivada a comprar um tênis igual ao do pivô Hakeem Olajuwon.
"Investimos muito em anúncios que reforçavam a boa performance de nossos produtos", diz Knight, "mas agora temos que nos dirigir a um público que não dá a mínima para isso".
A Nike teria sido despertada para isso ao perder sua liderança no mercado por uma curta temporada, em 92, para a Reebok.
Fazendo campanha para o público feminino e ressaltando mais a beleza do tênis do que sua eficiência, a Reebok provoca piadas nos corredores da rival.
"A peça tecnológica mais desenvolvida que a Reebok tem em sua fábrica é a copiadora de xerox", diz Knight.
Com uma filosofia que absorve muito do modelo asiático, Knight construiu nas instalações da Nike três restaurantes, lavanderia, creche, ginásio de basquete, quadras de tênis, pista para jogging e, para animar os ambientes, uma emissora de rádio.
A intenção é atrair os empregados para a prática de esportes e para a "grande família Nike".
Isso serve também para os patrocinados. Michael Jordan, por exemplo, diz que tem "um laço emocional" com a Nike. Falou o homem que fatura US$ 30 milhões por ano com anúncios.

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