São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Cúpula do futebol lança onda antiviolência

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cúpula do futebol de São Paulo lança oficialmente hoje uma operação antiviolência.
Policiais, dirigentes de clube e secretários do Estado e da Prefeitura tentam pôr fim à onda de violência que em outubro matou quatro torcedores, dois no Estado.
"O caso é grave", diz o secretário de Segurança, Antônio Corrêa Meyer.
Revistas mais severas na entrada, lei seca em torno do Morumbi, uma delegacia dentro dele e até filmagem das arquibancadas vão ser implantadas hoje no jogo Palmeiras x Corinthians.
Essas medidas foram aprovadas numa reunião na sede da Federação Paulista de Futebol, sexta-feira em São Paulo.
"Temos condição de montar uma delegacia no Morumbi", disse o secretário Meyer.
"A delegacia pode ficar na sala do comando da PM", completou o tenente-coronel Gérson Rezende, que comanda o policiamento nos estádios.
A instalação da delegacia móvel é um reivindicação antiga da PM.
Os oficiais argumentam que nenhum torcedor quer ser a testemunha necessária para fazer um flagrante contra um torcedor violento ou um cambista, ainda mais se tiver que perder o jogo.
Por isso, os suspeitos são soltos em pouco tempo.
A revista no clássico de hoje será mais rigorosa, para evitar a entrada de armas.
Mas os policiais ainda não terão os detectores de metal, nem bafômetros. A FPF já prometeu comprar os detectores e a aquisição de bafômetros será debatido nesta semana.
A PM pretende manter quem estiver bêbado fora do Morumbi. "A embriaguez é um fator de violência", disse Rubens Aprobatto Machado, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol.
A venda de cerveja dentro dos estádios, porém, não foi proibida.
Fernando Casal de Rey, presidente do São Paulo (clube dono do Morumbi), diz que "ninguém fica tempo suficiente no estádio para ficar bêbado".
"Pessoalmente, sou a favor da proibição", contrapôs Meyer. Mustafá Contursi, presidente do Palmeiras (clube que tem o Parque Antarctica) se pôs ao lado de De Rey. "Não é pela renda das cervejas, que é ínfima."
A Secretaria de Segurança Pública iria procurar ontem a TV Bandeirantes para que ela cedesse duas câmeras e dois técnicos para filmar a torcida desde as cabines de rádio e de TV. Se não houvesse acordo, a filmagem seria feita pela PM.
Outra medida que está sendo debatida é a proibição de menores de 18 anos de irem ao estádio sem os pais ou responsáveis.
Policiais, dirigentes e até líderes de torcidas organizadas dizem que os adolescentes são um dos principais focos de violência nos estádios.
"Tenho que confessar. Não dá para controlar essa molecada", diz José Cláudio de Almeida Morais ("Dentinho"), presidente da torcida Gaviões da Fiel.
"Dentinho" disse também que a Gaviões está abandonando hinos que pregam a violência.

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sobre o clássico na pág. 8

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