São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Vidal pedirá opinião a colegas

EDGARD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ary Ventura Vidal retorna ao comando da seleção nacional masculina de basquete.
Diz ter recebido "carta branca para a missão" do presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Renato Brito Cunha.
O desafio é levar o Brasil à Olimpíada de Atlanta-96. O Pré-olímpico das Américas, em agosto, na Argentina, oferece três vagas. Os EUA já têm lugar garantido em Atlanta.
Antes, o Brasil disputa os Jogos Pan-americanos, em março, na Argentina, e o Campeonato Sul-americano, em maio, no Uruguai. Essas competições servem de testes.
Vidal dirigiu a seleção nas principais conquistas dos últimos tempos: bronze no Mundial-78 nas Filipinas e ouro nos Pan-americanos-87, nos EUA.
Também foi campeão sul-americano (em 1965 e 1977), 4º no Mundial-86 na Espanha e 5º na Olimpíada-88 em Seul.
Responsável pela implantação de uma filosofia de jogo que explorava ao máximo o potencial ofensivo de alguns jogadores excepcionais no ataque, como o ala Oscar, Vidal deixou a seleção após os Jogos de Seul.
A seguir, o time teve Hélio Rubens (5º no Mundial-90), José Medalha (5º na Olimpíada-92) e Ênio Vecchi (11º no Mundial do Canadá, em agosto último).

Folha - Você fica no Pitt-Corinthians ou vai ser exclusivo?
Vidal -Só seria exclusivo da seleção se houvesse um projeto especial, que depende de patrocínio. Minha indicação foi bem recebida aqui (Santa Cruz do Sul/RS). Sou o primeiro técnico de time gaúcho que vai dirigir uma seleção. Isso em todos os esportes.
Folha - A "libertade total" para comandar está resolvida?
Vidal - Pela minha filosofia, ela é inerente ao técnico, que deve decidir tudo. Mas na reunião não precisei tocar no assunto. O presidente da CBB deixou tudo claro ao expôr os planos.
Folha - Quem escolheu a comissão técnica?
Vidal - Fui eu. São pessoas capazes e amigos (assistentes Valdyr Boccardo e Marcelo Cocada, preparador físico Édson Figueiredo, médico José de Miranda Neto e o roupeiro Michila).
Folha - Um comitê fechado?
Vidal - De jeito nenhum. Vou gostar de ouvir opiniões de todos os técnicos do Brasil. Minha preocupação é que esta fase de transição seja a menos dolorosa possível. Por isso, o ponto de vista dos técnicos é importante.
Folha - E a renovação?
Vidal - É natural, uma necessidade. Só que o critério é trocar o pior pelo melhor. Nada tem a ver com idade.
Folha - A convocação será restrita aos 12 que irão jogar, como era seu método?
Vidal - Antigamente, o grupo era definido. Tinha jogadores excepcionais, acima da média. Esse tipo não existe hoje. O momento é mais abrangente em número de jogadores e de clubes.
Folha - Todo jogador tem chance de ser convocado?
Vidal - Não pretendo "enterrar" nenhuma geração, nem mesmo a que atuou no Canadá (11º lugar, a pior posição do Brasil em um Mundial). Vou levar em conta a reação, o espírito de luta de cada um deles.
Folha - Pode explicar?
Vidal - Quero jogadores que tenham ódio da derrota e não aceitem perder. O único objetivo na mente deve ser o basquete, o sucesso da seleção. Não é admissível a passividade diante da derrota, como no Canadá.
Folha - Oscar vai voltar?
Vidal - Lógico, vou procurá-lo, embora ele tenha antecipado que não volta. Eu o lancei na seleção, mudei sua posição de pivô para ala e sei que é determinado. Resta saber se ele terá disposição.
Folha - É um caso difícil?
Vidal - Como disse, ainda não sei. Vou buscar apoio daquela geração vitoriosa. Mesmo que seja para ajudar no trabalho com os novos valores, de alguma maneira eles vão ajudar.
Folha - A seleção passa a privilegiar a ofensiva, como de 1985 a 88, sob seu comando?
Vidal - Não era bem assim. Explorei a máxima potencialidade da parte ofensiva que já era espetacular. Foi a forma de compensar o que o grupo era incapaz de fazer. Mesmo assim, tivemos o melhor rebote defensivo do mundo, melhor interceptação de bolas. O problema era a falta de agressividade na marcação.
Folha - Agora, como fica?
Vidal - Normal, com equilíbrio entre defesa e ataque, buscando uma defesa forte e uma ofensiva descontraída, eficiente.

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