São Paulo, terça-feira, 15 de novembro de 1994
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Saiba quem financia os candidatos de SP

AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Empreiteiras e bancos foram as principais fontes de financiamento das campanhas de Mário Covas (PSDB) e Francisco Rossi (PDT) ao governo do Estado de São Paulo.
Juntas, empresas desses setores foram responsáveis por quase metade do dinheiro arrecadado pelos candidatos no primeiro turno, segundo as prestações de contas enviadas ao Tribunal Regional Eleitoral.
A Folha teve acesso à relação dos financiadores das campanhas dos dois candidatos. É a primeira vez que esses dados oficiais são divulgados.
PSDB e PDT receberam contribuições de empresas com perfis diferentes. A campanha de Covas recebeu muito dinheiro dos grandes bancos e das maiores empreiteiras do país.
As contribuições a Rossi foram feitas, em geral, por pequenas construtoras e por apenas uma empresa do sistema financeiro, o Banco Mercantil de Descontos. Os candidatos ainda receberam muitos recursos de pessoas físicas.
No primeiro turno, apenas a empreiteira Camargo Corrêa fez doações aos dois concorrentes. Covas, no entanto, recebeu mais: obteve R$ 205 mil, contra apenas R$ 125 mil enviados ao pedetista.
Muitas empreiteiras têm dívidas a receber do Estado.
A maior contribuição feita em uma só vez foi justamente de uma empreiteira. A OAS doou R$ 450 mil à campanha de Covas. Essa contribuição só chegou a ser superada pelas da Itaú Suporte de Contabilidade, que doou –em várias parcelas– R$ 573,7 mil ao PSDB.
No total, as empreiteiras destinaram R$ 1,148 milhão à campanha do tucano e R$ 582 mil à de Rossi. Entre as empresas vinculadas aos bancos, Covas conseguiu R$ 1,613 milhão e seu adversário, R$ 120 mil.
Na prestação de contas enviada ao TRE, o PSDB afirmou ter arrecadado um total de RS$ 6,225 milhões. Rossi teria conseguido R$ 937 mil.
Empresas de outros setores também fazem parte da relação de contribuintes enviada ao TRE. Na área de comunicação, duas financiaram Covas.
A Editora Abril forneceu os seus serviços de mala direta, que tiveram o valor declarado de R$ 26.604,62, à campanha. A Bloch Editores destinou 24 mil impressos ao tucano, no valor total de R$ 76.800,00.
Covas recebeu também recursos oficiais da Tejofran, empresa prestadora de serviços de mão-de-obra acusada de financiar ilegalmente suas campanhas políticas.
A Justiça Eleitoral não encontrou nenhum indício de irregularidade nas contas prestadas pelos dois candidatos.
Rossi e sua mulher, Ana Maria de Almeida, fizeram contribuições pessoais à campanha pedetista. O candidato declarou ter destinado R$ 2.150,00 à sua campanha. Sua mulher teria doado R$ 1.650,00.
Todas essas doações foram comprovadas através da emissão de bônus eleitorais.

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