São Paulo, terça-feira, 15 de novembro de 1994
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Profissão Neonazista

BEN ABRAHAM

Passados 50 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, os protagonistas do neonazismo adotam métodos, cada vez mais sofisticados, para propagar as teses contidas no livro "Mein Kampf" de Adolf Hitler.
Seguindo os ensinamentos de Joseph Goebels, grande mestre e arquiteto da propaganda do 3º Reich, numa forma sofisticada, estão dissuadindo as pessoas desinformadas, no que se refere ao nazismo. Seja através das divulgações que "revisam cientificamente" a história, seja através de filmes aparentemente antinazistas. Como exemplo podemos citar o filme "Profissão Neonazista", apresentado no dia 29 de outubro de 1994 na 18ª Mostra Internacional do Cinema, no Masp.
Sem entrar em pormenores sobre qual critério levou os organizadores da Mostra a aceitarem a apresentação desta película, é importante salientar que este filme foi proibido e apreendido pelas autoridades do governo alemão por ser considerado um veículo de propaganda neonazista.
Neste documentário, o diretor do filme, sr. Winfried Bonengel em nenhuma parte apresenta as arruaças e sangrentas investidas e manifestações neonazistas que foi, e está sendo palco, a Alemanha. Tampouco os incêndios criminosos dos asilos de estrangeiros, mas sim, como figura principal, um jovem líder neonazista, Ewald Althans.
Este indivíduo, recentemente condenado pela Justiça alemã pela sua atuação política, bem como os seus companheiros apresentados no filme, pregam abertamente as teses nazistas que, em lugar de alertar como foi erroneamente divulgada a intenção desta apresentação, justificam o regime nazista; glorificam Hitler, pregam o anti-semitismo e a superioridade da raça alemã.
Para incentivar o apoio financeiro, o filme apresenta vultosas doações em dinheiro enviadas pelo correio à central do partido e revela ao espectador seu endereço.
A cena da discussão entre Evald Althans com seus pais, que poderia ser interpretada como positiva, tem de fato o objetivo de instruir os neonazistas sobre a melhor forma de refutar os argumentos contrários às suas idéias.
A cínica observação de Althans desmentindo o Holocausto, durante a sua visita a Auschwitz, dentro da ex-câmara de gás, é revoltante.
A argumentação de uma idosa nazista sobre as intenções pacíficas do Führer que visavam o bem da humanidade e que não chegaram a se realizar por causa dos sionistas (judeus), bem como um inflamado discurso aplaudido de pé com a saudação nazista, transmitem a sua mensagem.
Para não repetir os erros do passado, a proibição deste filme na Alemanha deve ser estendida a todos os países onde o neonazismo tenta fincar suas raízes.

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